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Dia do amigo: A importância de manter amizades reais em um mundo virtual

Por Cristiane Lang (*) | 20/07/2025 08:30

Vivemos em uma era marcada pela hiperconectividade. As redes sociais aproximam quem está longe, facilitam o contato instantâneo e permitem que estejamos virtualmente presentes em muitos lugares ao mesmo tempo. No entanto, nesse mesmo cenário de múltiplas conexões, cresce um paradoxo silencioso: a solidão. Rodeados de contatos, seguidores e curtidas, muitos sentem falta justamente do que mais importa — amizades reais, profundas e verdadeiramente humanas.

A essência da amizade

A amizade é uma das formas mais puras de afeto. Ela não exige laços de sangue, contratos ou obrigações sociais formais. Nasce da identificação, do carinho e da escolha de estar junto. Amizades verdadeiras acolhem, respeitam, escutam e se constroem ao longo do tempo com base na confiança e na reciprocidade. São essas relações que servem de refúgio nos momentos difíceis e celebram conosco as conquistas mais genuínas.

Amizade real não se mede por quantidade de mensagens trocadas, mas pela qualidade da presença. É olhar nos olhos, saber o tom de voz do outro quando algo não está bem, sentir a falta de um abraço e perceber quando um silêncio diz mais do que mil palavras. É compartilhar a vida além das fotos e dos stories.

O impacto do mundo virtual nas relações

Com a chegada da internet e, especialmente, das redes sociais, a forma de nos relacionarmos mudou profundamente. Hoje, é possível manter contato com amigos de infância, conhecer pessoas de outros países, enviar mensagens instantâneas a qualquer hora. Mas, ao mesmo tempo, corremos o risco de substituir o vínculo real pela aparência de conexão.

No mundo virtual, muitas vezes mostramos apenas o lado bom da vida. Criamos perfis, filtros e versões de nós mesmos que agradam aos outros, mas não necessariamente revelam quem somos de verdade. A amizade, quando moldada por esse ambiente, pode perder profundidade e se transformar em algo mais performático do que sincero.

Além disso, as interações digitais tendem a ser mais rápidas, fragmentadas e muitas vezes distraídas. A escuta atenta, a empatia e o tempo dedicado ao outro — elementos essenciais da amizade real — se tornam escassos em meio a notificações e rolagens infinitas.

A importância de amizades reais

Manter amizades verdadeiras em um mundo virtual é um ato de resistência emocional. É escolher cultivar relações que não dependem apenas de emojis ou reações, mas de tempo, cuidado e afeto genuíno. Amigos reais sabem quando você está mal, mesmo que você não diga. Eles não somem nas fases difíceis nem se contentam com uma mensagem padrão de “tô com saudade” enviada de forma automática.

Amizades reais nos lembram de quem somos fora das telas. Elas nos conectam com nossa essência, com nossos valores e com o que há de mais humano em nós: a capacidade de sentir, de partilhar e de estar presente, de verdade.

Num mundo onde a superficialidade pode dominar os relacionamentos, escolher nutrir amizades verdadeiras é também um modo de cuidar da saúde mental. Estudos mostram que relações sociais profundas e saudáveis ajudam a reduzir o estresse, a ansiedade e até a depressão. Amizades reais fortalecem a autoestima e oferecem um senso de pertencimento fundamental para o bem-estar emocional.

Como manter amizades reais em tempos digitais

Manter amizades reais na era digital exige intenção. É preciso sair do piloto automático, ir além das mensagens rápidas e criar espaço para conversas sinceras. Às vezes, isso significa marcar um encontro presencial, mesmo que breve. Outras vezes, é uma ligação de voz em vez de um áudio apressado. Significa lembrar do aniversário do outro com uma ligação, não apenas uma mensagem copiada. Significa perguntar de verdade como a pessoa está — e estar disposto a ouvir a resposta.

Também é importante lembrar que presença não é sinônimo de frequência. Às vezes, amigos verdadeiros passam longos períodos sem se falar, mas quando se reencontram, o vínculo permanece intacto. O que sustenta essas amizades é o respeito mútuo, a confiança e a certeza de que o outro está lá, mesmo que distante.

O mundo digital é uma ferramenta poderosa, mas não pode substituir a profundidade dos laços humanos reais. Em meio à avalanche de informações, manter amizades verdadeiras é um alicerce que nos ancora, que nos humaniza e que nos lembra que, no fim das contas, o que mais importa são as conexões que tocam o coração.

Amizade é presença. E presença, mesmo que virtual, precisa ser real.

(*) Cristiane Lang, psicóloga clínica especializada em oncologia

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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