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Familiar ou amigo doente: o que ajuda e o que atrapalha

Por Cristiane Lang (*) | 23/11/2024 08:32

Quando alguém próximo a nós enfrenta uma doença, seja física ou mental, é natural querermos ajudar. O desejo de estar presente e aliviar o sofrimento do outro demonstra carinho e preocupação. No entanto, muitas vezes, sem perceber, nossas atitudes podem acabar sendo mais prejudiciais do que úteis. Saber o que realmente ajuda – e o que devemos evitar – é fundamental para apoiar de maneira sensível e respeitosa.

O que realmente ajuda

    1.    Ofereça presença, não apenas palavras

Frases como “Se precisar, estou aqui” são bem-intencionadas, mas vagas. Oferecer presença concreta, como acompanhar em consultas ou estar disponível para ouvir sem julgamentos, tem um impacto muito maior.

    2.    Escute ativamente

Deixe que a pessoa fale sobre seus sentimentos, dores e medos, sem interromper ou tentar resolver tudo. Às vezes, apenas ser ouvido já é um alívio.

    3.    Pergunte como pode ajudar

Em vez de supor o que a pessoa precisa, pergunte diretamente: “O que eu posso fazer por você?” Cada pessoa enfrenta a doença de forma diferente, e suas necessidades variam.

    4.    Demonstre paciência e respeito

Pessoas doentes podem ter dias difíceis, humor instável ou necessidade de isolamento. Respeite o ritmo delas e esteja presente sem pressionar.

    5.    Ajude com tarefas práticas

Ofereça ajuda com coisas do dia a dia, como fazer compras, preparar refeições ou cuidar da casa. Essas pequenas ações aliviam a carga e mostram cuidado.

    6.    Cuide de si mesmo para cuidar do outro

Lidar com a doença de alguém querido pode ser emocionalmente desgastante. Reserve um tempo para cuidar da sua saúde mental e física, garantindo que você tenha energia para apoiar.

O que atrapalha

    1.    Minimizar o problema

Comentários como “Poderia ser pior” ou “Você precisa ser forte” podem invalidar os sentimentos da pessoa. Mesmo que a intenção seja encorajar, isso pode soar como falta de empatia.

    2.    Tentar ser o “solucionador de problemas”

A menos que você seja um profissional da saúde, evite dar conselhos médicos ou sugerir tratamentos milagrosos. Isso pode confundir e até irritar a pessoa.

    3.    Focar apenas na doença

Não reduza o outro à condição que está enfrentando. Pergunte sobre outros aspectos da vida dele, interesses ou momentos de felicidade, ajudando-o a se conectar com a normalidade.

    4.    Fazer comparações

Frases como “Meu amigo também teve isso e ficou bem” podem parecer motivadoras, mas ignoram a individualidade de cada situação.

    5.    Demonstrar pena excessiva

A compaixão é essencial, mas a piedade exagerada pode fazer a pessoa se sentir incapaz ou inferior. Mantenha uma abordagem equilibrada, demonstrando cuidado sem tratá-la como frágil.

    6.    Pressionar por atitudes ou mudanças

Evite forçar a pessoa a falar, buscar ajuda ou mudar algo se ela não estiver pronta. Respeite o tempo dela.

O equilíbrio entre ajudar e respeitar

É importante lembrar que, ao apoiar alguém doente, nosso papel não é resolver a situação, mas ser um ponto de apoio. Ofereça ajuda prática, mas também saiba reconhecer quando é hora de dar espaço. A comunicação aberta é essencial para entender o que a pessoa precisa naquele momento.

Estar ao lado de um familiar ou amigo doente exige empatia, paciência e sensibilidade. O verdadeiro apoio vem de gestos simples, mas genuínos, que mostram que a pessoa não está sozinha. Quando ajudamos com o coração aberto e respeitamos os limites do outro, somos capazes de oferecer conforto e força, mesmo nos momentos mais difíceis.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo. 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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