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Capital

Cabo pede para fugir com tenente e é condenado pela Justiça Militar

O réu alegou que nunca fez insinuações ofensivas e que sempre usou “palavras de cortesia entre colegas"

Por Lucia Morel | 13/05/2025 18:44
Cabo pede para fugir com tenente e é condenado pela Justiça Militar
Vista aérea da BACG (Base Aérea de Campo Grande). (Foto: BACG)

Em duas ocasiões no ano passado, cabo da BACG (Base Aérea de Campo Grande) desacatou uma tenente e em uma delas, sugeriu que fugissem juntos. Por conta do comportamento, o homem foi condenado pela Justiça Militar, em primeira instância, a um ano de reclusão em regime aberto. Entretanto, houve a suspensão condicional da execução da pena por três anos, devido bons antecedentes.

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Cabo da Base Aérea de Campo Grande foi condenado pela Justiça Militar a um ano de reclusão em regime aberto por desacatar uma tenente em duas ocasiões em 2023. O militar fez elogios indesejados e chegou a sugerir que fugissem juntos, além de fazer comentários impróprios sobre seus corpos.A pena foi suspensa condicionalmente por três anos devido aos bons antecedentes do réu, que está proibido de manter contato com a tenente e deve manter distância mínima de 300 metros. O caso gerou reflexões sobre a posição da mulher no contexto militar, e o cabo já recorreu da decisão.

Assim, ele está proibido de manter contato presencial ou virtual com a tenente; deve manter distância mínima de 300 metros dela; também não pode cumprir serviço em conjunto com a vítima e por fim, deve de se apresentar trimestral em juízo. O cabo já recorreu da decisão, com recurso impetrado em 16 de abril. A sentença é de 26 de fevereiro deste ano.

Em março do ano passado, segundo relatado pela tenente vítima, o outro militar a chamou de “linda”, a “tenente mais simpática” e de humilde. Na ocasião, a Base Aérea participava de uma ação da Semana da Mulher em parceria com o Hospital do Amor, e o cabo era motorista de van disponibilizada para transporte de pacientes.

O militar continuou tecendo elogios “(...) mesmo após a ofendida solicitar para que parasse com os elogios pois era noiva de outro militar e estava ficando constrangida”, cita a sentença.

Já em junho do mesmo ano, durante uma missão para transporte de vacinas até a Unidade Básica de Saúde do bairro Bonança, o cabo era o motorista que dirigiria a ambulância e a tenente, a responsável pela entrega dos medicamentos. Naquele dia, o militar “novamente fez insinuações e menções de cunho particular que desrespeitaram a 2ª Tenente”.

O cabo começou dizendo que sempre que ela fosse escalada como enfermeira no Grupo de Saúde da Base Aérea ele a auxiliaria, mas quando fossem outras profissionais, não. “Além desta insinuação, mencionou que estava com dificuldades no casamento, convidando-a para ir embora com ele”, diz a decisão, com base no depoimento da vítima.

A tenente rechaçou a fala e o pedido afirmando que estava com casamento marcado e amava seu noivo, ao que o cabo teria respondido “que pena que seu coração já tem dono”. “Após chegarem na Unidade Básica de Saúde, mesmo com a reação da ofendida, o (cabo) disse que “a filha deles seria linda, pois ela é bunduda e ele também é bundudo e ia ser uma filha bundudinha””.

Com isso, segundo a sentença, o militar praticou crime de desacato a superior, “uma vez que atingiu com suas palavras a integridade moral da superior hierárquica, violando valores intrínsecos de disciplina dentro da caserna”.

Os juízes do conselho de sentença discorreram que o tema convida à reflexão “sobre a posição da mulher no contexto militar”.

“Trata-se de uma situação que não deveria ter acontecido, sobretudo dentro de uma instituição militar” e que “o elogio inoportuno, a proposta absurda de fuga e a referência pejorativa ao corpo da oficial demonstram uma atitude que não só desrespeitou a dignidade da ofendida, mas também comprometeu sua autoridade dentro da instituição, numa tentativa de macular sua autoridade, e tudo cometido em pleno cumprimento de uma missão institucional nobre (transporte de vacinas)”.

O réu alegou que nunca fez insinuações ofensivas e que sempre usou “palavras de cortesia entre colegas de trabalho, sem maldade”. Negou ainda menção à fuga ou de terem filhos juntos. Contou em juízo que sua esposa estava grávida na ocasião e que nunca havia falado sobre problemas no casamento.

Para os magistrados, entretanto, "a narrativa da Tenente é firme, coerente e segue respaldada por testemunha presencial (...), que confirma ao menos a postura inadequada no dia do transporte relacionado à Semana da Mulher, demarcando um padrão de comportamento inadequado por parte do réu. Da mesma forma, se a vítima não tivesse denunciado a situação, na segunda investida do réu, certamente teríamos situações ainda mais ofensivas e constrangedoras, no contexto da evolução típica desse tipo de comportamento."

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