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Capital

"Maldade": moradores lamentam destruição de mural do projeto tatu-canastra

Instituto diz que deixará o caso a cargo da investigação da Polícia Civil; arte foi danificada em menos de 24h

Por Natália Olliver e Gabi Cenciarelli | 30/09/2024 14:19
Mural do Icas, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Marcos Maluf)
Mural do Icas, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Marcos Maluf)

Moradores da região do viaduto Pedro Chaves dos Santos, no cruzamento da Rua Ceará com a Avenida Ricardo Brandão, dizem estar tristes após pichação ter destruído mural do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) na madrugada deste sábado (28), apenas 24 horas após o artista ter finalizado a obra. Para eles a atitude dos pichadores foi ‘vacilo’ e maldade.

Ao todo, a imagem realista do tatu-canastra o tamanduá-bandeira demorou quatro dias para ser feita. O instituto disse que deixará o caso a cargo da investigação da Polícia Civil.

A estudante de biomedicina da Uniderp, Yasmin Shimabukuro afirma que a atitude é hipócrita, uma vez que foi feita para prejudicar o trabalho também de artistas. “Achei que foi muito vacilo da parte deles. O pessoal do 'pixo' fala que quer visibilidade, querer ser visto, que o que eles fazem também é arte, mas eles atropelaram a arte de outra pessoa que ficou no sol pintando um tempão. Porque ali só pode dá pra pintar de dia, de noite é super perigoso”.

Ela acrescenta que a arte era um lembrete importante sobre a preservação da natureza e dos animais dos projetos. “ Era de preservação ambiental o projeto, era importante, achei zoado”.

Vilson do Santos trabalha com serviços gerais em condomínio próximo do viaduto (Foto: Marcos Maluf)
Vilson do Santos trabalha com serviços gerais em condomínio próximo do viaduto (Foto: Marcos Maluf)

Vilson do Santos, trabalha no condomínio próximo, ele também comenta que não gostou da atitude dos pichadores e que isso prejudica as coisas da cidade.

“Quando vi já estava assim, fizeram de noite. Por aqui está infestado desse pessoal que faz isso. Não sei porque fizeram isso. Vi o artista há dias aí. Achei que foi maldade, tava tão bonito. Fez isso no trabalho tão bonito do rapaz”.

O pintor Alex Reis ressalta que acha uma ‘zoeira’ com trabalho alheio e que a atitude deixa a cidade feia. “Sinceramente acho muita zoeira. Pessoas se esforçam para fazer e vem o pessoal e faz isso. Acho que não tem o que fazer. Acho que isso é deixar a cidade mais feia”

O pintor Alex Reis também lametou a atitude dos pichadores (Foto: Marcos Maluf)
O pintor Alex Reis também lametou a atitude dos pichadores (Foto: Marcos Maluf)

O intuito do projeto era homenagear os dois animais que correm risco de extinção. Segundo o instituto, a arte foi danificada por ter encoberto gravuras antigas na parede.

O Icas destaca que não realizou a cobertura da parede, apenas a pintura. O instituto ressalta que entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande e apresentou a proposta do mural. Posteriormente, a pasta responsável fez a cobertura e em seguida o artista realizou a obra.

“O órgão responsável pela gestão do viaduto havia sinalizado a intenção de revitalizar o local antes de o artista iniciar seu trabalho. Repudiamos o ato ocorrido nesta madrugada. Ressaltamos que seguimos todos os protocolos e que todos os custos do mural foram arcados pelo Icas, com o apoio de pessoas que acreditam em nosso projeto de conservação dessas espécies que simbolizam nossa causa.

A página Campão Grafitti republicou uma foto, que foi apagada depois. Nela mostra o lugar já com a arte riscada por tinta branca de madrugada. Na postagem havia o seguinte o texto:

Obra do tatu-canastra e tamanduá-bandeira foi destruído nesta madrugada (Foto: Marcos Maluf))
Obra do tatu-canastra e tamanduá-bandeira foi destruído nesta madrugada (Foto: Marcos Maluf))

“Por anos lutamos por espaço e falta de interpretação da sociedade e preservamos nossa história para serem apagadas por preservação? Publicidades e investimentos que não são distribuídos aos agentes de cultura de modo aberto. É desvalorização do nosso povo. Se não sabem, agora sabem! Muita falta de respeito! Colocamos a vida em risco para outros riscar. Anos já essa falta de respeito”.

Ao Campo Grande News, a página disse que não é responsável pela destruição da arte do projeto e que apenas reposta conteúdos envoltos em graffiti e pichação. Também há um vídeo onde a página explica que recebeu o conteúdo de maneira anônima e que não apoia o vandalismo.

Segundo um dos administradores da página, San Martinez, são 70 pessoas que têm acesso e conseguem postar. “Eu estou indignado sobre, estou vendo quem pode ter feito isso. Recebemos por dia 500 mensagens sobre grafitti”.

Antes de depois do mural do Icas, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Juliano Almeida) 
Antes de depois do mural do Icas, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Juliano Almeida)

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