A maravilhosa história do monge que falava com as plantas
Durante milênios a humanidade tentava curar doenças com superstições e “medicamentos” que não produziam efeito algum, quando não prejudicavam ou matavam o paciente. Essa situação começará a mudar poucos anos depois da morte de Cristo. Surgia em Roma o turco Dioscórides. Será ele a mudar o rumo da medicina no mundo. Dioscórides escreveu o “Matéria Médica”, um belíssimo tratado sobre drogas medicinais criadas à partir de plantas. Esse livro perdeu-se no Ocidente. Restaram cópias no mundo árabe, especialmente no sul da Espanha muçulmano. A Europa só voltaria a abandonar as crendices no século XVI, época em que europeus estavam chegando no Brasil.
A “Brunfelsia”.
Há uma planta bem conhecida na América do Sul, cujas flores cor de púrpura, tendem a aclarar-se com o tempo, até se tornarem brancas. Recebe o nome de “Brunfelsia” (popularmente conhecida como “Manacá de cheiro“). O nome é uma homenagem ao alemão Otto Brunfels (1.488 - 1.534), um monge que se tornou especialista nas propriedades curativas das plantas.
O monge que falava com as plantas.
Brunfels era um tipo excêntrico. Não suportava o hábito que era obrigado a usar. Frequentemente o levantava dizendo que nas florestas não dava para usar aquela “saia grande”. Esse era seu cotidiano: andar por jardins e florestas. Estava sempre procurando por novas plantas que tivessem poder curativo. Mas a maior diferença era falar com as árvores. Ainda não entendo como Brunfels escapou da fogueira.
“Imagens Vivas de Plantas”.
Em 1.530, poucos anos antes de falecer, Brunfels publicou o primeiro volume de seu tratado “Herbarium vivae eicones”- “Imagens Vivas de Plantas”. Um trabalho colossal que tomava como fundamento o livro de Dioscórides, considerado o primeiro cientista a praticar medicina em Roma. O livro do turco, que vivia em Roma, continha pouco mais de 500 plantas. Otto Brunfels o ampliou enormemente. Além disso, as descrições das plantas, tal como no livro de Dioscórides, vinha acompanhado com gravuras detalhadas, desenhadas por outro alemão de nome Hans Weiditz. Esse Weiditz era muito conhecido. Recebia a alcunha de “Mestre de Petrarca”, por seu trabalho para a obra de Francesco Petrarca, o italiano considerado o “pai do humanismo”. É onde a ciência começava a casar com o humanismo.