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Em Pauta

Nasce Porto Murtinho, proíbem mulher, cachaça e baralho

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 09/12/2025 08:02
Nasce Porto Murtinho, proíbem mulher, cachaça e baralho

Porto Murtinho, talvez, tenha sido a única cidade criada à partir de uma negociação entre dois empresários milionários. Em 1.905, a gigantesca empresa Matte Laranjeira resolveu criar uma nova frente de exportação. O local escolhido foi uma grande fazenda que pertencia ao major Boaventura da Mota. Essa fazenda foi vendida ao Banco Rio-Mato Grosso, ligado umbilicalmente à Matte. Doaram 3.660 hectares de terra, uma insignificância para os parâmetros de então, visando construir um povoado que receberia o nome de Joaquim Murtinho, um do maiores manda-chuva da época.


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Um porto para concorrer com o de Corumbá.

Nesse povoado foi construído um porto que, embora precário em equipamentos, ganhou renome internacional em pouco tempo. Por lá, exportavam a erva mate da gigante empresa dominante de toda a nossa fronteira e recebiam as mercadorias do Paraguai, Argentina e Europa. Concorreu com o de Corumbá por longo tempo.


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O caminho da erva.

Por uma estrada feita para carroças de 390 quilômetros, a erva era transportada de todas as regiões fronteiriças até Porto Murtinho, como começou a ser chamado o povoado. As carroças chegavam até uma localidade denominada São Roque, inicio de uma via férrea que acabara de ser construída. A via férrea resolvera um grave problema, pois não mais as carretas tiveram de cruzar terrenos baixos e pantanosos. Em S.Roque funcionavam ferraria, carpintaria, marcenaria e uma máquina a vapor, impensável para a época, que serrava madeiras de todos os tipos.


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A roda de carroças.

Quando as carroças chegavam a um pouso previamente estabelecido, formavam uma roda. O lugar ficava festivo, numa confusão de vozes, risadas e gritos. Como iluminação as fogueiras - o “fogão de chão” - o lampião a querosene ou apenas o luar. Logo em seguida, o som dos “mbaracás” para alegrar, ainda mais, o ambiente.


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Dança de macho com macho.

Não raramente o “jeroqui” se formava. Dança de macho com macho. Um espetáculo diferente, bravio. Mas era um festa, um “bailezito”, para suavizar a vida madrasta e descansar o corpo sofrido e castigado dos transportadores de erva-mate.


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Mulher, cachaça e baralho proibidos.

Não se viam nesses lugares de paragem das carroças, de histórias burlescas e de crimes para vingar a honra, mulheres, pinga e baralho. Aparecia tão somente, de quando em vez, o “baralhito” proibido pois os chefões não aceitavam qualquer “bochinche”, qualquer desavença, mas faziam vistas grossas para o jogo que fazia passar o tempo.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.