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Interior

Viúva de morto pela PM acusa: "não queriam prender, queriam matar"

Na última sexta-feira, dois homens foram mortos em abordagem policial, no Bairro Novo Horizonte

Por Viviane Oliveira | 18/03/2024 10:15

A designer de unhas Joyce Fidelis da Silva Lima, de 25 anos, mulher de Clécio Ramos de Jesus, morto em abordagem da PM (Polícia Militar) na última quinta-feira (14), em Costa Rica, reclama da operação da polícia que terminou em duas mortes. Na ocasião, Kauã Maciel, de 19 anos, passageiro do carro conduzido por Clécio, também morreu. A mulher questiona se houve confronto e afirma que os dois já estavam em óbito quando deram entrada no hospital.

Conforme a polícia, os dois suspeitos ocupavam um Chevrolet Monza e passavam pela MS-316, na região do Bairro Novo Horizonte, quando foram abordados durante ação conjunta das polícias Civil e Militar contra o tráfico de drogas. "(...) estavam transportando uma grande quantidade de droga", informou a Polícia Militar em nota enviada à imprensa.

Joyce contesta. Segundo ela, que está grávida de dois meses, o marido não andava armado, não tinha droga no carro e os dois foram socorridos cerca de 1 hora depois dos fatos. “Eles já estavam mortos quando foram levados para o hospital. Ficaram agonizando. A informação é de que a abordagem ocorreu às 11h30. Eles chegaram no hospital por volta das 13h. O médico disse que já havia cerca de 1 hora que estavam mortos e não tinha mais o que ser feito”, contou. O local onde ocorreram os fatos fica a 10 minutos do hospital, segundo a mulher.

De acordo com a polícia, Clécio e Kauã reagiram à abordagem disparando contra os militares. "Os suspeitos reagiram de forma violenta, efetuando disparos de arma de fogo contra os policiais militares. Em legítima defesa, os policiais reagiram e alvejaram os suspeitos, cessando a injusta agressão", descreve a nota. Os dois foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.

Segundo Joyce, o marido tinha mandado de prisão em aberto, havia dois dias, por condenação de 15 anos por tráfico de drogas, mas nunca reagiu a nenhuma abordagem. “Não tinha arma no carro, nenhum policial foi atingido. O tiro foi no peito do meu marido. Eles não queriam prender, queriam matar. Jogaram os dois na viatura igual se joga um bicho. Por que não chamaram o Samu, os bombeiros?”, questiona.

Ela disse que vai levar o caso à Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) e à Defensoria Pública. Conforme a mulher, vídeo feito por câmera de celular (veja acima) mostra o momento em que os dois deram entrada no hospital.

"Vamos correr atrás do exame pra ver se tinha pólvora nas mãos deles", afirmou. A família ainda não providenciou a certidão de óbito de Clécio. O único documento que Joyce tem em mãos foi fornecido pela funerária e consta que o horário do óbito foi às 12h20.

Outro lado - Por meio de nota, a PMMS informou que, conforme o Boletim de Ocorrência, versão oficial da equipe sobre os fatos, foi pedido apoio para abordar um veículo que estava sendo monitorado com suspeita de tráfico de drogas. Diante dos fatos, uma equipe foi até o local e os suspeitos empreenderam fuga ao avistar a viatura.

Após acompanhamento tático, em uma rodovia, a equipe conseguiu abordar o veículo, momento em que os indivíduos dispararam contra a guarnição. Desse modo, houve a necessidade de legítima defesa e após cessar a injusta agressão, os policiais foram verificar os indivíduos, após concluir que não havia mais riscos de disparos contra eles.

Foi retirado uma arma das mãos de um dos autores para segurança de todos. Logo após, a equipe fez contato com as unidades de socorro disponíveis, mas devido à urgência, a própria equipe da Polícia Militar acabou por conduzir os indivíduos ao hospital de Costa Rica.

Armas, balança de precisão e drogas apreendidas com os dois, conforme divulgado pela polícia (Foto: divulgação)
Armas, balança de precisão e drogas apreendidas com os dois, conforme divulgado pela polícia (Foto: divulgação)

Passagens - Segundo a Polícia Militar, Clécio era conhecido pela venda de drogas em Costa Rica. Constam mais de 50 passagens criminais contra ele, entre as quais: homicídio qualificado, passagem por tráfico e drogas, associação criminosa, receptação, porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal dolosa no âmbito da violência doméstica, incêndio e ameaça.

Já Kauã havia saído da penitenciária no final do mês de fevereiro. Ele tinha 19 passagens criminais, entre elas tráfico de drogas, furto e receptação.

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