Idosos aprendem a fugir de golpes e cuidar do dinheiro em palestra gratuita

Ronivaldo Zanetti, 70, fica em alerta só de ouvir a palavra "golpe". Ele diz ter várias estratégias para prevenir que criminosos o enganem por ligação, WhatsApp ou nas agências bancárias para levar seu dinheiro.

"O malandro vem dar um golpe e ele procura o idoso. Eu nunca caí porque fico sempre atento. Aconselho as outras pessoas idosas a terem consciência também", diz.

O idoso foi um dos que aproveitaram a palestra gratuita oferecida pelo Procon (Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) estadual na Capital, na manhã desta sexta-feira (28).

Eles ouviram sobre três temas: atendimento aos direitos dos 60+ no Procon; orientações para prevenir golpes financeiros; e "como a gestão financeira pode trazer felicidade e equilíbrio para sua vida".

Vilões - Pessoas de 60 anos ou mais representaram 22% do público atendido no órgão do consumidor, na Capital, no primeiro semestre deste ano, segundo o superintendente Antonio José Angelo Motti. Do total de 11.565 atendidos, 2.546 são idosos.

Os maiores vilões nessas queixas são os cartões de créditos e os empréstimos consignados, segundo Motti. Na sequência, estão serviços de energia elétrica, água e telefonia.

Quanto aos golpes, o superintendente ressalta que também podem ser aplicados dentro dos bancos, por funcionários dessas instituições.

"Muitos aposentados são induzidos a abrir uma conta bancária que nem era necessária. Enquanto espera na agência, é induzido a ser cliente e à venda casada de seguros. Aí começa a complicar a vida desse idoso. Ele vai a um lugar para receber um benefício e está saindo com vários compromissos. Isso vira uma ciranda", exemplifica.

Somente com relação aos serviços financeiros, foram registradas 797 reclamações de idosos entre 1º de janeiro e 25 de junho deste ano, de acordo com o Procon.

Na própria família - Delegado na Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), Reginaldo Salomão palestrou sobre a prevenção de golpes.

Ele também falou sobre os casos de retenção de cartão de crédito e estelionato na própria família. "Temos muitas situações em que o cartão de crédito e os benefícios são retidos, em estelionato contra os idosos", diz.

Nesses casos, é preciso procurar a delegacia. "Muitas vezes, a gente recebe o idoso e naquele primeiro atendimento não se percebe crime. Mas a entrevista vai se desenvolvendo e vemos que ele está pedindo um socorro e que isso é acobertado por um vínculo familiar", descreve Salomão.

Consciência - O economista Luis Serrano foi outro palestrante. Ele falou que a grande questão é "elevar o nível de consciência" sobre renda e relação familiar.

"Os idosos hoje são usados pelos seus familiares para conseguir empréstimo consignado. Isso acaba comprometendo a renda e a subintência dessa população. Se os jovens e adultos não possuem essa consciência de quanto é a taxa de juros do cartão de crédito, de empréstimo, imagina a população idosa?", questionou.

À tarde - A palestra será repetida nesta tarde, a partir das 13h30.

O endereço do Procon estadual em Campo Grande é Rua Padre João Crippa, 3115, Bairro São Francisco.

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