Com pais sob suspeita, bebê é enterrada apenas com despedida da avó
Menina morreu e pais chegaram a ser presos acusados de homicídio por negligência com estado e saúde da filha
Em um caixão branco, concedido pela Prefeitura de Campo Grande, a bebê de 10 meses, que morreu na segunda-feira (14), foi sepultada nesta quarta-feira (16). Sem velório, apenas a avó materna da criança compareceu nesta tarde no Cemitério Santo Amaro.
RESUMO
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A bebê de 10 meses, que faleceu por insuficiência respiratória, foi sepultada em Campo Grande, com apenas a avó presente. Os pais, presos por homicídio culposo, foram liberados, mas não podem se aproximar dos outros filhos, que estão em abrigo. A criança havia sido atendida por bronquiolite, mas os pais deixaram a UPA antes da alta médica. A morte ocorreu na madrugada de segunda-feira, e a polícia investiga hematomas encontrados no corpo. Em 2020, a mãe já havia sido denunciada por viver em condições insalubres com outro filho.
Um túmulo simples, de concreto, sem qualquer placa de identificação ou flores foi o local escolhido para a bebê que morreu por insuficiência respiratória. A despedida entre a avó e neta durou cerca de 10 minutos e o sepultamento ocorreu um pouco após às 14h30, segundo informações fornecidas por funcionários.
Única parente no local, ela não quis dar entrevista para a imprensa e saiu acompanhada por uma outra mulher e um funcionário que também acompanhou o enterro.
Os pais da criança tinham sido presos por homicídio culposo, quando não há intenção de causar morte, porém tiveram liberdade concedida na terça-feira (15). No entanto, eles não poderão se aproximar dos outros filhos, de três e seis anos, que estão em um abrigo.
A Polícia Civil pediu a medida protetiva, autorizada e determinada pela justiça. Sendo assim, os pais devem manter distância de 300 metros das crianças.
Entenda - A criança de 10 meses morreu na madrugada de segunda-feira, na casa da família. A polícia apurou que os pais socorreram a criança por volta de 5 horas, a princípio, já morta.

Uma vizinha contou que a mãe saiu na frente do imóvel com o bebê nos braços. "Falou que não estava respirando e pediu moto Uber para ir nos bombeiros", contou a moradora que pediu para ter o nome preservado.
Conforme a assessoria do Corpo de Bombeiros, os militares prestaram o primeiro atendimento e acionaram o suporte avançado. Socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentaram reanimar o bebê durante uma hora, mas a criança não resistiu.
O tenente da URSA (Unidade de Resgate e Suporte Avançado) observou hematomas no corpo da criança e, em contato com a delegada da Polícia Civil, recebeu a orientação de que a Polícia Militar levaria a mãe para esclarecimentos na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), enquanto a criança deveria ser encaminhado à UPA Universitário para realização de perícia.
Negligência - Segundo informações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a menina foi atendida pela primeira vez às 13h07 da sexta-feira na Unidade de Saúde da Família do Bairro Portal Caiobá. Onde foi avaliada e encaminhada para a UPA onde deu entrada às 15h01 com classificação de risco amarelo “casos que demandam atendimento em tempo oportuno, sem risco iminente de morte”.
Ela então foi atendida pelo médico às 15h08 e o diagnóstico foi de bronquiolite. Doze minutos depois recebeu medicação em leite de observação e passou por exame de raio-x. Ainda conforme a pasta, 18h57 houve uma reavaliação médica e o protocolo da medicação foi mantido. Porém, às 20h26 quando o médico passou para a terceira avaliação, perceberam que a família não estava mais na unidade de saúde. Ou seja, evadiram por conta própria, antes da conclusão do tratamento e sem a liberação médica.
Já na madrugada desta segunda-feira, a menina retornou para a UPA já morta. Laudo preliminar apontou que a causa da morte foi "insuficiência respiratória decorrente de broncopneumonia". Mais cedo, o delegado explicou à imprensa que a criança tinha alguns hematomas que seriam investigados, mas que nenhum deles era a causa da morte.
A reportagem apurou ainda que em 2020, a mãe já havia sido denunciada por viver com o menino de 6 anos em situação insalubre. No entanto, na época, a denúncia chegou apenas com o primeiro nome da mulher e o segundo da criança. O Conselho Tutelar chegou a tentar três visitas à família que nunca foi encontrada e depois a instituição foi informada que eles não moravam no endereço informado. Depois disso, não receberam mais nada.
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