Suspeitos de desvio de milhões, diretores de sindicato e defesa "somem"
MPT apontou suposto desvio de R$ 6,8 milhões do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de MS
Ninguém quer falar. Mesmo após decisão judicial que afastou quatro dirigentes e autorizou o levantamento parcial do sigilo do processo que apura o suposto desvio de R$ 6,8 milhões do Sinttel/MS (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Mato Grosso do Sul), o sindicato e os envolvidos permanecem em silêncio.
RESUMO
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Após decisão judicial, dirigentes do Sinttel/MS são afastados por suspeita de desvio de R$ 6,8 milhões. A Justiça identificou repasse irregular de valores destinados a trabalhadores para contas pessoais dos dirigentes. O Ministério Público do Trabalho moveu a ação, destacando sonegação e falta de transparência. A juíza Ana Paola Emanuelli Balsanelli determinou o afastamento dos dirigentes, nomeação de Junta Governativa e novas eleições. O sindicato e os envolvidos não se manifestaram. O caso expõe confusão patrimonial e abuso de poder sindical, com o mesmo grupo no controle há 20 anos.
A reportagem enviou e-mail e fez ligações para a defesa, porém, sem qualquer retorno. Também não houve publicação de nota oficial, nem por parte do sindicato estadual, nem da Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), responsável por indicar a Junta Governativa que assumirá a entidade.
A omissão contrasta com o teor da decisão da juíza Ana Paola Emanuelli Balsanelli, da 4ª Vara do Trabalho de Campo Grande, que reconheceu o “evidente interesse da coletividade na transparência das decisões judiciais que envolvem a condução de entidades sindicais representativas”. Por isso, ela retirou o segredo de justiça do processo, mantendo restrito apenas o acesso a documentos com dados sensíveis, como declarações de imposto de renda.
Confusão patrimonial - A ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho e aponta que os valores — oriundos de sentença coletiva contra a Fundação Sistel — foram recebidos integralmente pelo sindicato, mas, ao invés de serem divididos corretamente entre os trabalhadores (70%) e a entidade (30%), teriam sido repassados a contas pessoais dos dirigentes, sem controle institucional ou prestação de contas.
Segundo o MPT, parte dos trabalhadores sequer recebeu o valor devido ou foi orientada a omitir o repasse à Receita Federal — o que pode configurar sonegação.
Diante das evidências, a Justiça determinou o afastamento imediato dos dirigentes Jefferson Borges Silveira (atual presidente), Rafael Gonzales (ex-presidente), João Batista da Silva (ex-diretor e proprietário da Arena Garden) e Adão Farias Alves (diretor), bem como a nomeação de Junta Governativa Provisória pela Fenattel, a convocação de novas eleições em até 120 dias, a inelegibilidade dos dirigentes afastados e o bloqueio de mais de R$ 5,4 milhões em bens dos réus.
A juíza também destacou o “quadro preocupante de confusão patrimonial” e o “abuso do poder sindical”, com um mesmo grupo mantendo o controle do Sinttel/MS há mais de 20 anos, alternando cargos e blindando práticas antidemocráticas. O sindicato está com o cadastro inativo no Ministério do Trabalho, o que indica, segundo a decisão, ilegitimidade representativa e descumprimento de obrigações legais mínimas.
O espaço segue aberto para manifestação das partes envolvidas.
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