Cooperativa não tem registro de empréstimo de Bernal, diz presidente
Depois de o candidato do PP à Prefeitura de Campo Grande, Alcides Bernal, garantir, nesta terça-feira, que emprestou R$ 106 mil a Coopertaxi e cobra a dívida na Justiça, o presidente da entidade, Flavio Panissa, retrucou a informação.
Ele assegura que, se houve a operação financeira, não teve consentimento dos associados da Coopertaxi. “Que o Alcides Bernal nos mostre a ata com a assinatura dos associados aprovando o empréstimo”, desafiou.
Panissa argumenta que o empréstimo foi designado, em 2009, a Waltrudes Pereira Lopes, ex-presidente da entidade. “Waltrudes era um associado e não a Coopertaxi. Se ele emprestou para o Waltrudes então vá receber dele”, retrucou.
Bernal ainda afirmou que o auxílio financeiro foi feito, à época, porque a cooperativa se encontrava em crise financeira e com dívida em posto de combustíveis. Panissa argumenta que o posto em questão era da própria Coopertaxi e que, se a entidade passava por dificuldades, os cooperados não tinham conhecimento.
“Os cooperados também não sabiam desse empréstimo”, prosseguiu, acrescentando desconhecer qualquer ata que comprove que a transação financeira existiu.
“E porque só agora ele se propõe a dizer a origem desse dinheiro? No processo ele se recusa”, disse Panissa, acrescentando que nunca foi procurado pelo progressista para um possível acordo sobre o caso.
“O Waltrudes saiu do comando e o atual presidente (Flavio Panissa), que é inimigo dele, não reconheceu a dívida. Levei o questionamento à Justiça para receber”, declarou o deputado nesta manhã após participar do debate promovido pelo ACP (Sindicado Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) no teatro Glauce Rocha.
O Campo Grande News também entrou em contato com Glaucia Silva Leite, advogada de Waltrudes Lopes, citado no caso.
Ela revelou que o ex-presidente da Coopertaxi tem sentença de interdição que data de 2009, ou seja, foi considerado louco e atualmente se encontra internado numa clínica psiquiátrica particular da Capital. O quadro, segundo ela, decorre de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido em 2002.
“Isto é outro agravante. Como vou pagar uma dívida em nome de uma pessoa que está interditada”, finalizou Panissa.
O caso - A questão foi evidenciada ontem (17) no programa eleitoral do candidato do PSOL, Sidney Melo, que acentuou a denúncia, fez críticas a Bernal e trouxe o presidente da Coopertaxi para falar sobre a situação no horário.
O candidato do PP foi acusado de prática de estelionato, agiotagem, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. “Por conta de uma dívida, cuja origem é totalmente desconhecida e o senhor Alcides Bernal se recusa a explicar, ele está cobrando um cheque de R$ 106 mil da Coopertáxi", disparou Flávio, durante o programa.
A cooperativa fez a denúncia na PGE (Procuradoria Geral do Estado) contra o progressista e o ex-presidente da cooperativa. Na Justiça, a ação que corre é de Bernal, cobrando o valor. Ainda não há uma definição sobre o processo, que já tem, inclusive, recursos na segunda instância.