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Capital

Irmã admitiu que aceitou pagar por assinatura de pecuarista antes de assassinato

Mentora de crime citou acordo com irmã da vítima, que ouvida pela polícia, teve envolvimento descartado

Anahi Zurutuza e Ana Paula Chuva | 23/08/2022 18:51
Andreia Aquino Flores, que foi morta aos 38 anos, em plano armado por empregada. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Andreia Aquino Flores, que foi morta aos 38 anos, em plano armado por empregada. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Ouvida pela Polícia Civil no dia 4 de agosto, Jussara Aquino Flores, 40, que viu seu nome envolvido na investigação do assassinato da irmã, deu versão diferente da que a mentora do crime contou em depoimento. Segundo Jussara, partiu de Lucimara Rosa Neves, 43, a proposta de uma recompensa em dinheiro para convencer a pecuarista Andreia Aquino Flores, 38, morta no dia 28 de julho, de assinar documento que a irmã precisava.

A investigação descartou que Jussara tivesse qualquer envolvimento com o assalto que terminou com a pecuarista assassinada, mas a negociação entre a irmã e a empregada não deixou de ser pano de fundo no enredo.

Lucimara admitiu que pretendia lucrar pelo menos R$ 100 mil com o plano – arrancaria R$ 50 mil da patroa durante o roubo simulado e depois, aproveitaria a fragilidade de Andreia, após o susto, para fazê-la assinar acordo com a irmã. A própria empregada admitiu, porém, que Jussara, para quem também já trabalhou, não tinha ideia do que ela estava tramando.

Conforme a ata do depoimento, a qual o Campo Grande News teve acesso, a irmã contou à polícia que devia para a Andreia cabeças de gado, provenientes de herança, mas queria que a vítima assinasse documento se comprometendo a não fazer novas cobranças. Jussara pediu ajuda à ex-funcionária. Acreditava que a empregada saberia o melhor momento de falar com a Andreia, que tinha problemas com álcool.

Numa ocasião, Lucimara até fez o termo chegar às mãos da patroa, mas disse à Jussara que a vítima o rasgou. Recentemente, áudio anexado a processo de cobrança das cabeças de gado, Andreia parecia incomodada com a funcionária tentando interferir em seus negócios. “Ah não, ninguém não, vai palpitar não. Principalmente, empregada”, disse.

A irmã mais velha narrou que já havia perdido o interesse em conseguir o acordo quando, uma ou duas semanas antes do crime, a empregada propôs nova tentativa, em troca de um pagamento, e então, houve a proposta dos R$ 50 mil. Para Jussara, o acordo era até uma maneira de preservar Andreia, cujo patrimônio estava sendo dilapidado “por terceiros”.

Jussara contou ainda que as conversas que teve com Lucimara foram pelo WhatsApp e ligações, mas informou que seu aparelho celular estragou no dia 30 de julho. Ela se comprometeu entregar prints das conversas com a ré pela morte da irmã, caso conseguisse recuperar.

Lucimara Neves é apontada como mentora do crime (Foto: Reprodução das redes sociais)
Lucimara Neves é apontada como mentora do crime (Foto: Reprodução das redes sociais)

O crime – Andreia foi assassinada no condomínio onde morava, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, na manhã do dia 28 de julho. Além de Lucimara, a filha dela, Jéssica Neves Antunes, 24, e o cunhado, Pedro Benhur Ciardulo, 20, participaram da emboscada.

Lucimara contou que chegou à casa da patroa por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h e as duas trabalharam normalmente.

Mais tarde, foram às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio. Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro se juntou às duas. Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.

Já na residência da pecuarista, segundo as duas depoentes, primeiro, entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os três envolvidos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu. Conforme a necropsia, a causa da morte foi asfixia provocada por esganadura e obstrução das vias aéreas.

Lucimara, Jéssica e Pedro já são réus em processo pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). A ação penal tramita em sigilo na 5ª Vara Criminal de Campo Grande.

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