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Capital

Mato e lixo dominam quintais no bairro que lidera focos de mosquito da dengue

Mariana Lopes | 16/03/2012 15:03

Lageado, próximo ao lixão, é apontado pelo Lira como uma das regiões onde há maior proliferação do Aedes em Campo Grande

Casas com materiais de reciclagem juntam muito lixo e contribui para a proliferação do mosquito da dengue. (Fotos: Marlon Ganassin)
Casas com materiais de reciclagem juntam muito lixo e contribui para a proliferação do mosquito da dengue. (Fotos: Marlon Ganassin)

Entre as ruas de terra do bairro Lageado, na região do Dom Antônio Barbosa, apontado pelo Lira (Levantamento do Índice Rápido do Aedes Aegypti) como a de maior foco de dengue, um cenário cheio de peculiaridades. Na maioria dos casos, os quintais do bairro, vizinho ao lixão que recebe a maior parte do que é jogado fora na cidade, são tomados por mato e lixo.

De acordo com o supervisor do CCZ (Centro de Controle de Zoonose) da região, Claudemir Durães Nascimento, o que dificulta o trabalho dos agentes de saúde é a quantidade de moradores que trabalham com material reciclável. “Acabam juntando muito lixo no quintal e dá margem para a proliferação do mosquito, além de outras doenças”, observa.

A equipe de reportagem do Campo Grande News acompanhou a agente de Saúde Lucila Alvarenga de Souza, nesta sexta-feira (16), nas visitas às casas do Lageado, próximo ao Lixão da Capital.

Logo nas primeiras casas, no meio de várias "bags", como eles chamam, Maria Benites, 56 anos, separa materiais que vieram do lixão para serem levados para a cooperativa de reciclados. O trabalho envolve toda a família e acabam sobrando restos do que não foi separado pelo quintal. “A gente só limpa no sábado à tarde, depois que manda tudo embora”, conta dona da casa.

Apesar da bagunça e do lixo, na residência da dona Maria não foi encontrado nenhum vestígio do mosquito da dengue ou de larva. Com as regras na ponta da língua, ela garante que da água parada cuida direitinho. “Não deixo empoçar, viro os baldes, garrafas para não ter perigo depois da chuva”, conta.

Água da chuva - A poucas quadras dali, na casa de Carlos Henrique Grag, 28 anos, a agente de saúde encontrou latinhas de cerveja espalhadas pelo quintal, que, segundo o morador, era resultado de uma festa ocorrida no dia anterior da viagem da família e não deu tempo de arrumar.

Com um saco de lixo em mãos dado pela agente, Carlos recolheu todo o lixo. Mas o problema não estava tão visível. Lucila achou as larvas discretamente depositadas no fundo de um balde, que, segundo ela, é resultado de água da chuva de dias atrás. Ele foi notificado e assumiu o compromisso de manter o quintal da casa limpo.

Na casa vizinha, onde mora José Augusto de Souza Proença, 61 anos, e a esposa, Ilse Teresa da Costa Proença, 58 anos, a situação é um pouco melhor. No quintal de terra, o casal cultiva uma pequena horta. “Me desfiz dos vasos justamente para não ter que me preocupar com a água que fica parada no prato do vaso”, justifica a mulher.

Sem notificar os moradores, Lucila deixou a casa depois de aplicar um larvicída no ralo do banheiro. “Esse produto é usado para tratar possível foco, quando não tem como desfazê-lo”, explica Claudemir.

Exemplo - Outra casa, que para a agente de Saúde era a modelo do bairro, embora o cenário estivesse bem diferente das outras já visitadas, no quintal um motivo de alerta. Lucila chamou a atenção do morador, Diogo Ramos Moraes, 29 anos, por causa de madeiras empilhadas nos fundos. “É... Pode dar doença, bicho, sei que é perigoso”, diz Diogo, consciente do caso.

No Lageado, três agentes de saúde se dividem para atender a demanda de visitas às casas. Segundo Lucila, ela tem dois meses para passar em 801 residências. Por dia, cerca de 25 casas são visitadas.

Larvas foram encontradas na água parada no fundo de um balde.
Larvas foram encontradas na água parada no fundo de um balde.
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