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Meio Ambiente

"Papa Sebo", o pica-pau-branco que encanta e surpreende no coração do Pantanal

A lente de André Bittar, sensível e atenta, nos convida a olhar mais de perto para essas belezas da natureza

Por Gabriela Couto | 17/04/2025 13:53

No coração da Nhecolândia, uma das regiões mais ricas do Pantanal sul-mato-grossense, um registro feito logo nas primeiras horas da manhã chama a atenção não apenas pela beleza da ave retratada, mas também pelo valor cultural e ecológico que ela carrega.

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No Pantanal sul-mato-grossense, o "papa sebo", ou pica-pau-branco, encanta com sua beleza e comportamento único. Registrado pelo fotógrafo André Bittar na Fazenda Alegria, a ave é conhecida por se alimentar de resíduos de carne, insetos, frutas e até mel. Com plumagem branca e detalhes pretos, mede entre 24 a 29 cm. Sociável, vive em bandos e dorme em ocos de árvores. Presente em vários países da América do Sul, é importante para o equilíbrio ecológico, controlando pragas agrícolas. Classificado como "pouco preocupante" pela IUCN, destaca a importância da conservação ambiental.

O fotógrafo de natureza e fotojornalista André Bittar captou em vídeo o momento em que o pica-pau-branco — também conhecido como birro ou, na linguagem popular pantaneira, “papa sebo” — interage com o ambiente à sua maneira única.

O vídeo foi feito na centenária Fazenda Alegria, um verdadeiro santuário para observadores de aves. O “papa sebo”, como é chamado durante as tradicionais carneadas pantaneiras, é visto frequentemente aproveitando os resíduos de carne que ficam secando nos tendais.

"Os nomes que os pantaneiros dão, nomes regionais, sempre são os mais curiosos e cheio de história", acrescenta Bittar.

Esse tipo de comportamento surpreende quem ainda associa pica-paus apenas ao hábito de bicar troncos em busca de insetos, como divulgado pelo famoso desenho animado.

Características - Com uma aparência distinta dos pica-paus mais conhecidos, o pica-pau-branco (nome científico Melanerpes candidus) é uma verdadeira joia das paisagens campestres brasileiras.

Medindo entre 24 a 29 centímetros, ele exibe plumagem predominantemente branca com contrastes marcantes de preto, e, nos machos adultos, um detalhe amarelo na nuca que acrescenta ainda mais charme à sua aparência.

A ave possui bico longo e forte, olhos de tonalidade clara e um comportamento que mescla destreza com ousadia. Diferentemente de seus parentes mais discretos, este pica-pau costuma voar em grandes altitudes, muito acima da copa das árvores, sempre em busca de alimento ou novos territórios.

Ao contrário do que muitos imaginam, o papa sebo tem um paladar bastante variado. Alimenta-se de insetos e larvas, mas também inclui frutas como banana, mamão e laranja em sua dieta. Há registros até mesmo do consumo de jaca e mel, além de uma curiosa habilidade em atacar ninhos de marimbondos e abelhas sem sofrer retaliações — uma característica rara entre aves.

Em algumas ocasiões, grupos inteiros dessa espécie foram flagrados predando ninhos de outras aves e colmeias inteiras, mostrando uma complexa e estratégica forma de alimentação em grupo. Esses comportamentos destacam seu papel importante no equilíbrio ecológico, como no controle de populações de pragas agrícolas, a exemplo da irapuá, uma abelha que pode causar prejuízos a pomares.

O pica-pau-branco é sociável e costuma viver em bandos de até 20 indivíduos. À noite, todos dormem juntos em ocos de árvores, comportamento que reforça os laços do grupo. Durante o período reprodutivo, escavam ninhos em troncos secos ou em cavidades naturais em rochas, onde a fêmea deposita de três a quatro ovos. Os filhotes deixam o ninho após pouco mais de um mês.

Encontrado em quase todo o Brasil e também em países vizinhos como Paraguai, Argentina e Bolívia, o pica-pau-branco é classificado como "pouco preocupante" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Ainda assim, sua presença em diferentes biomas e sua relação direta com a vida rural tornam seu registro um lembrete da importância da conservação dos ambientes naturais.

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