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Política

Eldorado é pivô em escândalo envolvendo Temer e obra em SP

Delator afirma que presidente atuou para liberar empreendimento, que estava parado

Kleber Clajus | 25/02/2018 12:50
Delator da JBS, Ricardo Saud revelou ajuda de Temer para destravar obras de terminal de cargas da Eldorado em Santos (Foto: Divulgação)
Delator da JBS, Ricardo Saud revelou ajuda de Temer para destravar obras de terminal de cargas da Eldorado em Santos (Foto: Divulgação)

 A Eldorado Celulose, empresa sediada em Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande,  estaria envolvida, conforme a TV Globo, em inquérito da Polícia Federal que apura se o presidente Michel Temer (MDB) beneficiou a empresa Rodrimar ao decretar a prorrogação de contratos de concessão do porto de Santos, em maio do ano passado.

Fabricante de celulose do grupo J&F, a Eldorado fez negócios com a Rodrimar para utilizar um terminal de cargas destinado ao escoamento de sua produção em Mato Grosso do Sul. Obras, no entanto, atrasaram e chegaram a ser embargadas pela Codesp (Companhia de Docas de São Paulo). A liberação acabou relatada pelo delator da JBS, Ricardo Saud.

Em delação premiada, Saud disse que "visitou, então, Michel Temer, na vice-presidência da República [anexo do Palácio do Planalto] e pediu sua intervenção. Temer disse que entraria em contato com a diretoria da Codesp para resolver o problema. Uma semana depois a Codesp levantou o embargo". O ex-executivo depôs, em 16 de fevereiro, à Polícia Federal.

No contrato original entre Eldorado e Rodrimar, conforme Saud, havia prevista aquisição de um terminal e eventual junção com outros dois adjacentes da Rodrimar. O investimento, no entanto, dependia de autorizações da Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviários), Secretaria dos Portos e Codesp. As reuniões com Temer visavam acelerar o processo.

Obra embargada - Saud revelou ainda que o embargo à obra do Terminal da Eldorado foi no início da obra, como possível retaliação por serem outsiders no meio portuário. Ele chegou a acionar Milton Hortolan, apontado como ligado a Wagner Rossi e Temer pode ter atuação no porto, porém mesmo recebendo R$ 20 mil mensais o mesmo não resolveu o problema.

Diante do resultado negativo, o depoente foi a Brasília (DF) munido de documentos da obra para reunir-se com o então vice-presidente em busca de auxílio. "Temer fez anotações sobre o caso e pediu um prazo, pois iria entrar em contato com a diretoria da Codesp", disse Saud, que dias depois recebeu ligação de um dos diretores da Eldorado Celulose informando que o problema estava resolvido e a obra "a pleno vapor", podendo trabalhar até durante a noite.

Ofício enviado pelo delegado Cleyber Malta Lopes, na semana passada, solicitou mais 60 dias para concluir o inquérito sobre o decreto que estendeu a concessão do porto paulista. Ele argumentou que desde dezembro de 2017 aguarda medidas "imprescindíveis" da PGR (Procuradoria-Geral da República) para esclarecer eventuais atos de corrupção ativa/passiva e lavagem de dinheiro, vinculados à edição do decreto dos portos. Já a prorrogação depende do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do inquérito, Luís Roberto Barroso. 

Michel Temer, segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, jamais teve reunião com Ricardo Saud para tratar sobre a área da Eldorado no Porto de Santos ou interferiu na Codesp em favor da empresa. A PGR pontuou ter quebrado os sigilos fiscal e telefônico de pessoas físicas e jurídicas. Para a Codesp a paralisação das obras no terminal ocorreram por problemas técnicos e foram retomadas assim que estes foram sanados, enquanto a J&F não comenta declarações de colaboradores.

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