É a salvação, diz setor turístico sobre R$ 5 bi do governo
Salvação e um fôlego financeiro para o setor continuar vivo, manter os empregos e buscar a recuperação quando a pandemia do coronavírus passar. Foi o que disseram os empresários de turismo de Mato Grosso do Sul ouvidos pelo Campo Grande News, nesta segunda-feira, 11, sobre a Medida Provisória 963, batizada de “A Hora do Turismo”, que autorizou a liberação de R$ 5 bilhões do Fungetur (Fundo Geral do Turismo) para apoiar as empresas prestadoras de serviços turísticos neste momento de crise em razão da Covid-19.
De acordo com o Ministério do Turismo, terão acesso aos recursos as empresas de acampamento turístico, agências de viagens, hotelaria, parques temáticos, transportadora turística, casas de espetáculos e equipamentos de animação turística, centro de convenções, empreendimento de apoio ao turismo náutico ou à pesca desportiva, empreendimento de entretenimento e lazer e parques aquáticos, locadora de veículos, organizadores de eventos, prestadores de serviços de infraestrutura de apoio a eventos, prestador especializado em segmentos turísticos, restaurantes, cafeterias e bares.
“Para nós das agências de viagens esse tipo de apoio significa um fôlego para superar essa pandemia e voltarmos com força quando tudo passar, e o bom é que cada empresa poderá usar os recursos da maneira que melhor lhe convier, como capital de giro, compra de equipamentos, projetos de reformas, enfim, em melhorias”, disse Alcir Caramalac Junior, da agência Siga Viagens & Turismo, de Campo Grande.
Ele avalia que muitas empresas poderão ir a falência sem a ajuda do governo. “Porque é difícil uma micro ou pequena empresa ficar parada por tanto tempo sem receita e conseguir sobreviver”, ressaltou Junior.
Para a empresária Kassilene Carneiro, da H2O Turismo, de Bonito, tudo vai depender de como esses recursos federais serão liberados, especialmente se as pequenas e médias empresas vão conseguir ter acesso.
“Na prática o que tem acontecido é que quando você liga no banco o recurso não está disponível. Em alguns, além da taxa anunciada, ainda tem as taxas que o banco calcula, mas como o nosso segmento foi muito atingido, zerando a receita, essa ajuda do governo federal irá salvar muitas empresas”, declarou Kassilene.
Allan Velcic, proprietário da Rota Aventura, uma operadora de pequeno porte que atua com cicloturismo em Bonito, também avalia a iniciativa governamental como fundamental para a recuperação do turismo, mas tem dúvidas quanto ao acesso das pequenas empresas.
“A questão é que não será tão simples conseguir os recursos. Vai depender das exigências que os bancos irão fazer, porque se a aplicação desse apoio for como sempre acontece os pequenos não terão chance, só os grandes empreendedores, que são os que menos precisam de apoio. Sei de empresas de grande porte que conseguiram financiamento barato para pagar folha salarial, enquanto eu não consigo nem mesmo receber os R$ 600 do auxílio-emergencial anunciados pelo governo”, afirmou Velcic.
O caminho dos recursos - Segundo o Ministério do Turismo, os recursos serão disponibilizados em 17 bancos autorizados, e as empresas postulantes deverão estar com seus dados atualizados no Cadastur (sistema de cadastro de pessoas físicas e Jurídicas que atuam no turismo).
Em nota, a Fundtur-MS (Fundação Estadual de Turismo), órgão vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), responsável pelo Cadastur em Mato Grosso do Sul, orienta para que os empresários sul-mato-grossenses do setor certifiquem-se de que sua empresa está regular. Caso precisem de informações ou auxílio sobre como realizar ou renovar seu cadastro, devem entrar em contato pelos telefones (67) 3318-7658 (Aline) e (67) 3318-7661 (Aldo) ou ainda pelo e-mail: cadasturms@gmail.com
Sobre a desconfiança de que somente as grandes empresas consigam os recursos, manifestada por empresários do setor em Mato Grosso do Sul, o Ministério do Turismo anunciou a destinação de 80% dos R$ 5 bilhões aos empreendimentos de micro, pequeno e médio porte. Os 20% restantes poderão ser acessados por empresas de grande porte.
A linha de crédito terá carência total de até 12 meses e taxa de juros abaixo de 0,9% ao mês. Micros e pequenos empresários poderão dispor de até R$ 1 milhão. Empresários de médio porte poderão contar com até R$ 3 milhões e os de grande porte irão dispor de até R$ 30 milhões.