ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEGUNDA  20    CAMPO GRANDE 16º

Cidades

Conselho de Psicologia defende escuta especial para crianças

Entidade de classe diferencia a tarefa de escutar da atuação em depoimento

Maristela Brunetto | 10/03/2023 15:35
O ambiente da escuta acolhe a criança e ela pode contar algo ou silenciar. (Foto: Arquivo)
O ambiente da escuta acolhe a criança e ela pode contar algo ou silenciar. (Foto: Arquivo)

O CRP (Conselho Regional de Psicologia) de Mato Grosso do Sul divulgou hoje nota em que informa não ser contra a escuta especializada de crianças vítimas de violência. A manifestação veio depois que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública informou que investiria na qualificação dos policiais civis para eles ouvirem as crianças na fase de inquérito, uma vez que a entidade de classe não recomendava a participação.

Após a morte de criança de 2 anos em Campo grande, em janeiro, o sistema de atendimento ficou no centro do debate e, entre os serviços debatidos, estava o do atendimento na fase policial.  “Este Conselho em nenhum momento atuou para a proibição do trabalho de profissionais de Psicologia no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violências”, consta em trecho da nota.

A Lei nº 13.431, de 2017, trouxe duas formas de ouvir as crianças com o propósito de evitar a revitimização e o trauma: a escuta especializada e o depoimento especial. A lei fala sobre o procedimento ser conduzido por especialista, entretanto não especifica nenhuma profissão.

O CRP, seguindo a posição do CFP (Conselho Federal de Psicologia), defende que, por se tratar de uma inquirição para a fase judicial e de produção de prova, o depoimento especial seria incompatível com a atuação do psicólogo.

Conforme o presidente do Conselho, Walkes Jacques Vargas, escutar, acolher e cuidar são condutas que o psicólogo adota, logo, ele poderia participar do atendimento por meio da escuta. Conforme ele, isso pode acontecer e, inclusive, é feito na fase policial na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e do Adolescente). O que se noticiou à época é que o quadro de psicólogos precisava ser ampliado para ouvir crianças.

O profissional recebe a criança em sala da delegacia e deixa-a se expressar, situação em que ela pode relatar se sofreu violência ou não, ou simplesmente silenciar. Já no depoimento, ela é alvo de perguntas, na tentativa de obter provas a respeito da denúncia de violência.

Os psicólogos podem ajudar, diz, no contexto da escuta, fazendo laudo e encaminhando à autoridade. A Sejusp informou que já tinha 200 policiais qualificados para lidar com a situação da criança vítima de violência e faria curso para mais 400, distribuídos em dois grupos.

Vargas explica que uma qualificação como essa não pode envolver somente a visão da segurança pública, devendo ser multidisciplinar, com “olhar mais humanizado”, envolvendo temas como saúde e assistência social, menciona.


Nos siga no Google Notícias