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Cidades

MS tem um médico a cada 500 habitantes e 43% não são especialistas

Na comparação com outros estados, Mato Grosso do Sul apresenta índices favoráveis de médicos que atuam no SUS

Guilherme Correia | 29/05/2023 15:21
Criança aguarda atendimento em UPA na Capital. (Foto: Alex Machado)
Criança aguarda atendimento em UPA na Capital. (Foto: Alex Machado)

Mato Grosso do Sul possui um médico a cada 503 habitantes e este índice o coloca na quarta posição do ranking de estados com mais profissionais, proporcionalmente. Levantamento do Campo Grande News, feito com base em dados do Ministério da Saúde, mostra também que 43% desses trabalhadores vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde) são clínicos gerais.

O Estado conta com 5.605 médicos atuando na rede pública para uma população de 2.833.742 habitantes. A reportagem comparou dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) com a previsão populacional do Censo 2022, feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Desses, 3.175 são de alguma das 59 especialidades descritas pelo Ministério da Saúde, como ginecologistas, pediatras, psiquiatras, infectologistas ou imunologistas, por exemplo. Os demais 2.430 são clínicos gerais.

A falta de médicos especialistas e consequente demora na transferência hospitalar é uma das dificuldades no acesso à saúde pública. O caso de Luiz Carlos Ramos Torres, um paciente diabético de 47 anos, ilustra a situação enfrentada por muitas pessoas que necessitam de atendimento especializado imediato.

Ele deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Coronel Antonino, em Campo Grande, às 23h de sexta-feira, com sintomas preocupantes, como formigamento no corpo do lado esquerdo e paralisia em todo o lado esquerdo. Suspeita-se de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Apesar do diagnóstico, Luiz aguarda vaga em hospital desde então e foi solicitada avaliação especializada do caso. Sua última avaliação indicava sinais vitais estáveis, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Conforme a pasta, UPAs e CRSs (Centros Regionais de Saúde) não possuem médicos especialistas, o que motiva a avaliação hospitalar, que ainda não foi liberada.

Luiz deu entrada na UPA do Coronel Antonino, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Luiz deu entrada na UPA do Coronel Antonino, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

A secretaria informou ao Campo Grande News que o quadro de Luiz foi classificado como prioridade para transferência hospitalar e a regulação de vagas está em contato com os hospitais para agilizar o encaminhamento. Enquanto isso, ele permanece em uma enfermaria da UPA, com acesso venoso para possíveis infusões medicamentosas, evitando novas perfurações dolorosas.

Tais situações podem dificultar diagnósticos precisos, tratamentos adequados e o acesso a serviços de saúde mais complexos. A espera por vagas hospitalares também compromete a eficácia dos tratamentos, uma vez que o tempo é crucial em casos como o de derrame cerebral, por exemplo.

A carência de médicos especializados é ainda mais evidente em determinadas cidades de Mato Grosso do Sul, onde sequer há profissionais que não sejam clínicos gerais. Segundo o levantamento feito pela reportagem, Antônio João, Paraíso das Águas, Jateí, Taquarussu, Rio Negro, Laguna Carapã, Dois Irmãos do Buriti, Vicentina, Angélica, Novo Horizonte do Sul e Tacuru não têm nenhum desses profissionais.

Em Campo Grande, há um total de 3.158 médicos, dos quais 2.110 são especialistas, representando a maior concentração de profissionais especializados do Estado. Os demais médicos na cidade são generalistas. Proporcionalmente, Glória de Dourados possui mais especialistas - são seis com especialidades e apenas um é clínico geral.

No geral, a Capital tem números favoráveis quando se trata da presença de médicos no SUS - considerando a população de 942.140 habitantes, a cidade registra uma proporção de um médico para cada 298 habitantes, a melhor do Estado.

Por outro lado, Vicentina, município sul-mato-grossense com 6.264 habitantes, registra apenas um profissional vinculado ao SUS.

Vale ressaltar que o município possui intensa mobilidade com Fátima do Sul e Dourados, por exemplo, cidades próximas que apresentam cenário diferente. A primeira possui 20.381 habitantes e 23 médicos registrados, cerca de um para cada 886 pessoas.

Maior cidade do interior do Estado, Dourados possui 523 médicos e 261.019 habitantes, resultando em uma proporção de aproximadamente um médico para cada 499 habitantes.

No País - Entre os estados com os melhores índices, destacam-se o Distrito Federal, com aproximadamente um médico para cada 342 habitantes, que também possui maior proporção de médicos especializados, cerca de 80,95%.

Em seguida, vem o Rio Grande do Sul, com proporção de um profissional para cada 454 pessoas. São Paulo aparece na sequência, com um médico para cada 502 indivíduos. O mais populoso estado do País conta com 91.593 médicos e população de 46.024.937 habitantes.

Por outro lado, o Pará enfrenta desafios na área da saúde, registrando a menor taxa de médicos por habitantes. Com uma população de 8.442.962 habitantes, o estado conta com apenas 7.239 profissionais da saúde, resultando em uma proporção de 1.166 habitantes para cada médico.

No território nacional, são contabilizados 355.694 médicos para uma população de 207.750.291 habitantes.

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