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Capital

Chefe do PCC, "Mistério" é transferido para a "Supermáxima"

Eder de Barros Vieira, 38 anos, está preso desde junho do ano passado

Marta Ferreira | 20/04/2021 13:11
Eder de Barros Vieira, que está preso por ordenar execução em "tribunal do crime". (Foto: Reprodução das Redes Sociais)
Eder de Barros Vieira, que está preso por ordenar execução em "tribunal do crime". (Foto: Reprodução das Redes Sociais)

Réu pela execução de Sandro Lucas de Oliveira, de 24 anos, durante “tribunal do crime” em dezembro de 2019, Eder de Barros Veira, 38 anos, foi transferido de prisão pela Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciária).

Ele foi levado para o presídio fechado da Gameleira, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande. O lugar é conhecido entre os detentos como “Supermáxima”, por ter regime mais rígido.

Até o dia 11 de abril, “Mistério”, ou “Deus da Guerra”, alcunhas atribuídas a Eder por ele mesmo, estava na ala separada aos presos do PCC (Primeiro Comando da Capital no EPJFC (Estabelecimento Penal de Jair Ferreira de Carvalho), a “Máxima”, na saída para Três Lagoas.

A mudança de unidade prisional aconteceu menos de uma semana depois de reportagem publicada na coluna “Capivara Criminal, no Campo Grande News, mostrando que o próprio preso informou ser um dos chefes da facção nas ruas.

Indagada pela reportagem, a Agepen informou que a transferência foi realizada “por motivos operacionais, com o intuito de manter a ordem e a disciplina da unidade penal”.

Esse tipo de mudança não depende de decisão judicial. Pode ser feito administrativamente, considerando o “perfil do preso”. A apuração jornalística indicou não ter havido falta por parte do detento, como por exemplo o uso de celular ou outro tipo de comunicação.

Na "Supermáxima", isso será ainda mais difícil. Não há registro de entrada de aparelhos móveis de telefonia, em razão da engenharia do prédio, um dos exemplos da segurança mais rígida. No presídio, com cerca de 600 vagas, há alas separadas também para presos de facção, por motivos de segurança do complexo.

 Chefe - “Édão”, outro apelido usado pelo réu, disse em depoimento à Polícia Civil ser responsável pelo cadastro de novos “irmãos” no PCC.  Porém, a investigação sobre a morte de Sandro Lucas, o “Alemãozinho”, mostrou que a posição dele é mais importante.

Seria o “geral da rua” em Campo Grande, responsável, entre outras tarefas ilegais, por dar a última palavra sobre os “tribunais do crime”.

O inquérito, transformado em denúncia pelo promotor Douglas Oldegardo, indica “Mistério” como o criminoso que ordenou a execução de “Alemãozinho”, alcunha da vítima, e ainda transportou o rapaz de um cativeiro para outro, depois que a energia acabou no lugar.

Ao todo, são cinco réus pelo caso, todos ligadas ao PCC. São eles Sidnei Jesus Rerostuk, Rafael Aquino de Queiroz, Adson Vitor da Silva faria e Eliezer Nunes Romero.

A vítima foi  levada, primeiro para casebre no Indubrasil, onde a tortura começou. Depois, como acabou a energia, foi para um barraco no Parque dos Poderes, onde foi morto a golpes de facão.

Em áudio recuperado pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), que fechou o caso ao prender Sidnei Rerostuk, o "Capetinha",  ele admite ter cortado a cabeça de “Alemãozinho”.

O juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, mandou os réus a júri popular por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

A representação legal de Eder recorreu da sentença, afirmando não haver provas. Os outros réus não apresentaram recurso.

A ação está na fase de apreciação pelo juiz da apelação.

O barraco onde a tortura começou durante a sessão de justiçamento. (Foto: Reprodução de processo)
O barraco onde a tortura começou durante a sessão de justiçamento. (Foto: Reprodução de processo)

“Rixa entre facções”– Sandro Lucas foi morto por vender drogas do Comando Vermelho, e não do PCC, alegando serem de qualidade mais apurada. Depois de ser atraído até a praça do bairro Nova Campo Grande no dia 8 de dezembro à noite, Sandro foi levado num carro preto para casebre na Vila Bordon, ao lado de frigorífico da região. Lá, começou o julgamento. Em seguida ele foi encaminhado para uma chácara abandonada no Parque dos Poderes onde houve a tortura fatal.

Foram sete envolvidos, um deles o menor de idade, capturado e colocado em regime de internação.  Um deles, não identificado, morreu em meio ao trabalho investigatório. Os outros cinco integrantes do PCC foram presos entre junho e julho.

Todos tinham crimes graves no currículo. Eder era o único “ficha limpa” do caso. Na justiça, negou qualquer tipo de participação no crime, inclusive o envolvimento com o PCC.


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