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Capital

“Chegam atirando”, diz mãe de jovem baleada durante ação policial

Denar afirma que moradora foi atingida por tiro que ricocheteou em muro durante abordagem

Por Anahi Zurutuza | 30/01/2024 15:53
Local conhecido como "beco" no Bairro Tiradentes, onde aconteceu abordagem policial na tarde desta segunda-feira (Foto: Alex Machado)
Local conhecido como "beco" no Bairro Tiradentes, onde aconteceu abordagem policial na tarde desta segunda-feira (Foto: Alex Machado)

Mãe da jovem de 18 anos que levou tiro durante ação da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), no Bairro Tiradentes, Adriana Miguel Vicente, de 54 anos, quer que o caso seja investigado e envolvidos sejam responsabilizados.

“Vou fazer boletim de ocorrência, vou à Corregedoria, vou procurar os direitos da minha filha. Não vão me coagir. Ali na nossa comunidade isso daí é normal, a polícia entra atirando, não respeita”, afirma a mulher, revoltada com o ocorrido.

Adriana afirma que a filha é jovem aprendiz e havia acabado de chegar do trabalho, quando decidiu ir até a casa de uma amiga. “Estava ela, o namorado, as amigas, tomando tereré na calçada. Tinha muita criança na rua, ali é o que mais tem. A polícia chegou correndo atrás de uns meninos e já chegou atirando. Os meninos nem armados estavam, porque é tudo vendedor de droga. Então, não teve troca de tiros”.

A mulher, que mora há 35 anos no bairro, conta que já testemunhou outras ocorrências do tipo. Moradores acabam no “fogo cruzado”: entendem a necessidade da presença da polícia para a segurança da comunidade, mas reclamam da maneira como abordagens são feitas, colocando em risco quem nada tem a ver com o mundo do crime. “Ali é complicado”, comenta.

A jovem, segundo Adriana, teve hemorragia intensa e foi socorrida por uma vizinha até o CRS (Centro Regional de Saúde) do Bairro Tiradentes. Depois, foi levada pela família para a Santa Casa, onde passará por cirurgia às 17h de hoje. Segundo a mãe, não havia ambulância para fazer a transferência para o hospital. “O que aconteceu com a minha filha podia ter sido mais grave, a bala atravessou a perna dela, mais um pouquinho ia afetar a veia femoral [o que poderia ser fatal]. Não vou deixar passar em branco”.

Versão oficial – De acordo com a Denar, o local da abordagem, na Rua da Flauta, é conhecido como “minicracolândia” ou “beco”. Policiais monitoravam a região, na tarde desta segunda-feira (29), onde usuários de drogas e traficantes se aglomeram. Ao observar a aproximação da polícia, um grupo se dispersou. “Usuários correram para um lado e traficantes para outro. Mas a logística de encurralar deu certo”, afirmou o delegado André Luis de Mendonça Fernandes em entrevista ao Campo Grande News nesta manhã.

O delegado explica que um dos suspeitos, armado com faca, ameaçou atacar policial, quando se viu sem saída. “Ele percebeu que os suspeitos estavam correndo em cima dele, se identificou como policial, deu voz de abordagem, o que não foi atendido. Um dos suspeitos estava com uma faca”.

André Fernandes diz que o policial disparou contra o muro como advertência. “O disparo ricocheteou e atingiu uma pessoa que não tinha relação com a abordagem, que estava a cerca de 100 metros do local”. “Foi uma fatalidade”, ponderou o delegado Hoffman D’Ávila Cândido e Sousa, também da Denar.

A ação resultou em três prisões e apreensão de drogas, conforme divulgado pela Polícia Civil.

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