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Capital

Com 41,6 mil, fila para consulta é 10 vezes maior que número de atendidos

MPMS apura baixa capacidade do município em reduzir a demanda reprimida e apura que medidas são tomadas para diminuir o problema

Jones Mário | 20/05/2019 11:22
Capacidade de atendimento do Centro de Especialidades Médicas (CEM) é questionada por investigação
Capacidade de atendimento do Centro de Especialidades Médicas (CEM) é questionada por investigação

A fila de espera por consultas na rede pública de saúde de Campo Grande tem 41.621 pessoas. Diante do número, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) instaurou uma série de investigações a fim de apurar a baixa capacidade do CEM (Centro de Especialidades Médicas), hospitais públicos e conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) em reduzir a demanda existente e que medidas são adotadas pelo município para minimizar o problema.

A quantidade de pessoas na fila consta em planilha elaborada pela Gerência de Regulação Ambulatorial da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). Os números foram obtidos pela 32ª Promotoria de Justiça da Saúde Pública, que abriu cinco inquéritos sobre o assunto no dia 15 de maio.

A planilha elenca 25 especialidades. A fila mais longa é por consulta em cirurgia geral adulto, com 6.555 pessoas que anseiam atendimento. A demanda reprimida em psiquiatria adulto tem 5.604 pessoas. Já a espera pelo procedimento em endocrinologia e metabologia tem 4.822 pacientes.

A fila por atendimento em urologia pediátrica é menor, com 85 pessoas. Porém, segundo a Sesau, não há médicos que atendam a área na rede.

Entregue ao MPMS em fevereiro deste ano, o documento traz também a quantidade de pacientes que já garantiram encaminhamento para a consulta. São 4.417 pessoas, número quase dez vezes inferior à demanda reprimida.

As investigações instauradas pela 32ª Promotoria de Justiça elegeram apurar a demanda reprimida em endocrinologia e metabologia adulto, reumatologia adulto, psiquiatria adulto e pediátrica, cirurgia geral adulto e ortopedia pediátrica.

A cozinheira Vera Lúcia, 44 anos, aguarda há tanto tempo na fila por consulta que nem sequer sabe precisar quantos anos. “Eu preciso fazer uma cirurgia bariátrica. Não consigo emagrecer e isso está causando mais problemas de saúde. Preciso ver nos meus documentos quanto tempo estou esperando uma primeira consulta. Fazem anos”.

Em nota, a Sesau alega que “tem tomado todas as medidas para solucionar estes problemas a fim de dar mais celeridade ao atendimento à população”.

A pasta afirma que elabora “um plano estratégico de reorganização do serviço que prevê, inclusive, a contratação de mais especialistas através de concurso público”, a fim de ampliar a oferta de serviços.

A Sesau defende ainda que “desde o ano passado, a fila de espera por consultas também vem passando por um processo de organização, qualificando e direcionando de forma mais adequada o atendimento o que, por sua vez, também proporciona uma redução no tempo de espera”.

De acordo com a pasta, “os contratos com os hospitais também estão sendo revistos para adequar as necessidades e ampliar a oferta de serviços”.

Histórico - As recentes investigações do MPMS originam-se a partir de relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou ineficácia da política de regulação da fila de espera para realização de primeira consulta em procedimentos especializados em Campo Grande.

O documento revelou que a demora na realização de primeira consulta chegou a durar oito anos para neurologia e dois anos para neurocirurgia, conforme relatório de 2015. Em outras especialidades, pacientes aguardavam meses e até ano para realização de primeiro atendimento em angiologia, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia geral, endocrinologia adulto, oftalmologia, ortopedia, proctologia, psiquiatria, reumatologia e urologia pediátrica.

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