Há 25 anos, Projeto Padrinho doa tempo e carinho para crianças em abrigos
Na Capital, Silvana é uma das madrinhas que decidiu acolher uma criança e transformar a rotina dela
Doação de carinho, tempo, atenção, escuta e presença. Essas são algumas das experiências que o Projeto Padrinho proporciona a crianças e adolescentes que vivem em instituições de acolhimento. A iniciativa do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) completa 25 anos em Campo Grande neste sábado (26).
RESUMO
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Há 25 anos, o Projeto Padrinho do TJMS promove o desenvolvimento de crianças e adolescentes em abrigos, oferecendo apoio afetivo, cultural e material. A iniciativa conecta padrinhos e madrinhas a menores que tiveram seus direitos violados, auxiliando também famílias em processo de reintegração. O projeto oferece diferentes modalidades de apadrinhamento: afetivo, com a convivência familiar; cultural, com acesso a atividades artísticas; material, com auxílio financeiro ou doações; e prestação de serviço, com apoio profissional, como atendimento psicológico. Silvana Felix, madrinha afetiva de Brayan, exemplifica o impacto do projeto, proporcionando ao afilhado experiências familiares enriquecedoras. Já Rita de Cássia, psicóloga, contribui com atendimentos semanais, destacando a força das crianças e adolescentes acolhidos. Interessados em participar do projeto, que abrange todo o Mato Grosso do Sul, devem entrar em contato com a Vara da Infância e Adolescência.
Vinculado à Vara da Infância, Adolescência e do Idoso, o projeto começou em 2000 com o objetivo de colaborar com o desenvolvimento pessoal de crianças e adolescentes que tiveram um ou mais direitos violados. Além disso, busca apoiar famílias em situação de vulnerabilidade no cuidado durante o processo de reintegração ao lar.
Atualmente, o projeto atende cerca de 150 crianças contando com 15 voluntários fixos, 8 padrinhos afetivos e 30 financeiros.
Em 2024, Silvana Felix do Nascimento Eurico, de 45 anos, conheceu o Projeto Padrinho por meio da irmã. No mesmo ano, conheceu Brayan Luan, de 12 anos, de quem se tornou madrinha afetiva em outubro.
A princípio, o menino passava apenas meio período com a família dela, que é casada e tem um casal de filhos. Essa foi a primeira fase de adaptação, que perdurou até fevereiro deste ano. “Depois, ele começou a vir aos finais de semana, feriados prolongados. Ele participava de tudo que fazíamos”, conta.
Foram idas à igreja, ao shopping, saídas para comer pizza, tudo nos fins de semana e feriados em que ele não estaria em aula. Após meses como madrinha afetiva, Silvana deu mais um passo e ingressou no Projeto Família Acolhedora.
Também do TJMS, o projeto atende o mesmo público-alvo, mas a diferença é que os adultos participantes garantem lar temporário por até 18 meses. Ou seja, Brayan estará presente na vida de Silvana e vice-versa de forma contínua, sem depender de feriados e fins de semana para se verem.
Sobre a participação no Projeto Padrinho e agora no atual, Silvana destaca que sua maior vontade é contribuir para a formação de Brayan. “Eu creio que está sendo bom para ele. A minha intenção é vê-lo no futuro como um homem que tenha uma família estruturada. Eu sei que é um benefício para ele, a oportunidade é de suma importância”, pontua.
Rita de Cássia da Rocha Vilanova Teixeira também participa do Projeto Padrinho, mas de forma diferente. Formada em Psicologia, ela optou pelo apadrinhamento como prestadora de serviço, realizando atendimentos psicológicos para crianças e adolescentes que precisam desse cuidado e acesso ao serviço.
Especialista em avaliação psicológica e psicoterapia de orientação psicanalítica, Rita conta como se envolveu com o projeto. “Eu comecei como estagiária do Fórum, onde trabalhei na habilitação para adoção. Na necessidade de estágio institucional obrigatório, passei um tempo em casa de acolhimento”, relembra.

O ano era 2018, quando ela percebeu que as crianças e adolescentes precisavam de suporte. “Eu me ofereci para acompanhá-los psicologicamente, para continuar olhando para os casos de uma outra perspectiva”, relata.
Perspectiva que respeita a individualidade, necessidade e história de cada um deles. Atualmente, duas vezes por semana, ela recebe os menores que estão em casas de acolhimento. A psicóloga explica como funciona o trabalho. “Toda semana recebo o mesmo paciente até que ele volte para casa ou vá para adoção. Aí depende da família escolher continuar com o mesmo profissional”, afirma.
Nos últimos sete anos, Rita teve contato com muitas crianças e adolescentes, com idades entre 3 e 14 anos. Por questões éticas, ela não compartilha histórias em detalhes, mas admite que eles enfrentam situações diversas.
“São histórias muito desafiadoras que aparecem no consultório. Ao mesmo tempo em que vivenciam um sofrimento, elas têm também uma fortaleza para passar por tudo isso. Cada história é única”, enfatiza.
Além do padrinho afetivo e do prestador de serviço, o projeto também oferece as opções de apadrinhamento cultural ou material. No caso do primeiro, o padrinho patrocina o acesso à cultura de forma coletiva, como idas ao cinema, teatro, museus, espetáculos artísticos e livros.
Já o segundo busca atender necessidades materiais ou financeiras das crianças, adolescentes, famílias acolhedoras ou das entidades de acolhimento, por meio de auxílio financeiro ou doação de materiais.
O Projeto Padrinho funciona em todo o Estado, mas nasceu primeiro em Campo Grande por iniciativa da desembargadora aposentada Maria Isabel de Matos Rocha. Após três anos, ele foi regulamentado no âmbito estadual por meio da resolução n. 429, de 26 de novembro de 2003.
O apadrinhamento foi instituído em âmbito estadual por meio da Lei nº 13.509, de 2017. Podem participar como padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de 18 anos que não estejam inscritas nos cadastros de adoção, além de pessoas jurídicas que desejem colaborar com o desenvolvimento das crianças.
Os interessados devem requerer ao coordenador do Projeto Padrinho a inclusão no cadastro, de acordo com a modalidade de apadrinhamento desejada. Depois, devem comparecer com os documentos pessoais à Vara da Infância, Adolescência e do Idoso.
Em Campo Grande, o contato para mais informações é (67) 3317-3512. O Fórum está localizado na Rua da Paz, 14, Centro.
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