Parentes e viúva de homem atropelado por réu assistem júri do Caso Mayana
Um ano e oito meses depois, Anderson de Souza Moreno e Willian Jhony de Souza Ferreira vão a júri popular nesta quarta-feira acusados de matar Mayana de Almeida Duarte durante disputa de racha.
O julgamento atrai amigos da jovem, além da viúva de um motociclista morto em um acidente que envolveu Anderson quando ele ainda era menor de idade. Amiga de Mayana, Pollyana Caetano, de 22 anos, afirma que espera a condenação dos réus, para que sirva de exemplo aos outros motoristas.
“O que os dois jovens fizeram foi um ato de irresponsabilidade, se não foi feita Justiça para eles, e os outros?”, questiona a jovem, que esteve ao lado da amiga poucos momentos antes da colisão.
As duas estavam em um bar na avenida Afonso Pena. “Meu pai teve um sonho e pediu que voltasse. A Mayana me deixou em casa. Só fiquei sabendo do acidente às 6h da manhã, por um amigo”, relata.
Antes de entrar na 2ª Vara do Tribunal do Júri, onde é proibido manifestações como cartazes e camisetas, um grupo de dez amigas vestia uma camiseta preta com a foto de Mayana e a seguinte frase: “Trânsito para conduzir vidas, não para matar sonhos”. Segundo Pollyana, a idéia partiu da mãe da jovem.
O acidente foi em junho de 2010, no cruzamento das ruas José Antônio com a Afonso Pena, em Campo Grande. De acordo com a acusação, os dois réus disputavam um racha na avenida Afonso Pena, sentido bairro/centro. Anderson, com um Vectra, à 110Km/h, passou à frente de William, que conduzia um Fiat Uno.
No cruzamento com a rua José Antônio, o Vectra bateu no Celta dirigido por Mayana. Testemunhas disseram que ele passou no sinal vermelho. Ele estaria embriagado. Mayana foi levada em estado grave para o hospital e morreu 10 dias depois. Anderson está preso. William, em liberdade.
Anderson respondeu ao processo inicialmente em liberdade, mas, depois foi flagrado dirigindo na contramão, mesmo estando com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa. A prisão foi decretada no dia 2 de março de 2011 e se entregou na delegacia 12 dias depois.
Hoje, a defesa de Anderson pede que o crime passe de homicídio doloso para culposo. A pena para o segundo caso é menor e a pena é definida pelo juiz, sem júri popular. Já a defesa de Willian Jhony quer julgamento em separado.
Saudades – O julgamento, onde quatro mulheres e três homens vão definir o destino dos réus, também é acompanhado pela recreadora Eliane Pimentel de Melo, de 37 anos. Ela é viúva do motociclista Wadir Ferreira, que morreu em 10 de janeiro de 2007.
“O acidente foi provocado pelo Anderson. Meu marido caiu dentro do Opala dele”, afirma Eliane, com uma pasta recheada de documentos da época. Segundo Eliane, Anderson, que era menor de idade e, portanto, não poderia dirigir, não parou na placa de Pare, provocando o acidente fatal. “Ele tem que parar de causar acidentes de trânsito”.
Ela lembra que o acidente até hoje deixa saudades e tristezas para a família. “Minha filha mais nova teve que fazer tratamento psicológico”, conta.