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Capital

Manifestantes suspendem bloqueio e vão fazer ato em frente à Prefeitura

Aliny Mary Dias e Francisco Júnior | 08/09/2014 09:16
Bloqueio durou 3 horas e moradores seguem em dois ônibus para sede da Prefeitura (Foto: Marcos Ermínio)
Bloqueio durou 3 horas e moradores seguem em dois ônibus para sede da Prefeitura (Foto: Marcos Ermínio)

Os moradores da comunidade Cidade de Deus, situada no bairro Dom Antônio Barbosa, começam a retirar os dois bloqueios da BR-262 e seguem em direção à sede da Prefeitura de Campo Grande. Indignados com as ameaças de despejo, os manifestantes dizem que se a situação não for resolvida, irão invadir três residencias construídos na Capital.

Os dois sentidos da rodovia estão interditados desde as 6 horas da manhã. Cerca de 200 moradores participam do ato e reivindicam moradia e acesso à luz e água. Em negociação com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), os manifestantes exigiram a presença de representantes da prefeitura para liberar a rodovia, mas mudaram de estratégia e seguem em dois ônibus até a Avenida Afonso Pena.

A promessa de parte das 800 famílias que vivem na região é que se nada for resolvido, os novos endereços ocupados serão casas de residenciais construídos nos bairro Caiobá, Moreninhas e Jardim das Hortências, que segundo os manifestantes já estão prontas, mas sem moradores.

Para quem vive em meio à insegurança de viver em uma área e invadidada, os dias são de revolta e temor pela ação das autoridades. A diarista Mariluce Magalhães Siqueira, 33 anos, vive há dois anos na área e há pelo menos oito anos possui cadastro em programas de habitação municipal e estadual.

Moradores da Cidade de Deus pedem moradia digna e casas de programas habitacionais (Foto: Marcos Ermínio)
Moradores da Cidade de Deus pedem moradia digna e casas de programas habitacionais (Foto: Marcos Ermínio)

“Será que a gente não é digno de ter uma casa? Aqui a gente passa chuva, frio e não tem rede de esgoto. A gente tem condições de pagar pelo menos R$ 50 por uma casa”, conta a mulher que se revolta pela demora na entrega de casas.

Sobre a possibilidade de despejo, a diarista mãe de três filhos, um deles com deficiência intelectual, explica que não há para onde ir. “Não temos para onde ir, se tirar daqui, não sabemos o que fazer. Para a prefeitura nós não somos nada”, desabafa.

Outro que vive a insegurança é Wellington da Silva, 29 anos, pai de dois filhos. Ele conta que todos que moram na Cidade de Deus só estão no local porque não têm condições de pagar aluguel ou prestação de casas. “Aqui não tem vagabundo, não tem malandro, todos trabalham e correm atrás do sustento. Mas não temos condições de pagar R$ 450 de aluguel ou prestação de casa, a solução é ficar aqui”, diz.

Marcos Roberto Pereira, 40 anos, é morador do bairro e explica que o bloqueio da rodovia, que dura três horas e começa a ser suspenso, foi a única maneira encontrada para chamar atenção de autoridades. “É um problema antifo e vamos fazer novas manifestações”, conta.

Pressão - Um inquérito civil tramita na 29ª Promotoria de Patrimônio Público e Social sobre a ocupação irregular e furto de energia elétrica na área onde vivem as famílias. Reunião, em agosto, também envolveu setores de meio ambiente e defesa do consumidor.

Na semana passada, o MPE (Ministério Público Estadual) pressionou a Prefeitura da Capital para despejar as famílias da região e reiterou que os invasores não têm direito a casas de programas habitacionais.

Ao Campo Grande News, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que nenhum servidor foi encaminhado para negociar com os manifestantes.

Rodovia teve dois bloqueios, um deles na saída para São Paulo e outro na saída para Terenos (Foto: Marcos Ermínio)
Rodovia teve dois bloqueios, um deles na saída para São Paulo e outro na saída para Terenos (Foto: Marcos Ermínio)
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