ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SEXTA  27    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Ouvidos sobre maus-tratos, pais de Sophia lamentam: "é tarde demais"

Casal fez 2 denúncias sobre violência contra a menina antes dela morrer, mas só agora uma delas será julgada

Por Ketlen Gomes e Gabi Cenciarelli | 27/06/2025 17:05
que e  Ouvidos sobre maus-tratos, pais de Sophia lamentam: "é tarde demais"
Igor de Andrade foi ouvido pela primeira vez nesta sexta-feira (27). (Foto: Osmar Veiga)

O processo judicial de maus-tratos contra a menina Sophia de Jesus Ocampo, morta em janeiro de 2023, está sendo julgado só agora e segundo os pais da pequena - Jean Ocampos e Igor de Andrade (biológico e afetivo), já é tarde demais. Eles denunciaram o caso pela primeira vez ainda em 2022, sobre hematomas e manchas roxas no corpo da menina, mas foi arquivado por falta de provas.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O marido do pai de Sophia de Jesus Ocampo, Igor de Andrade, prestou depoimento pela primeira vez sobre o caso de maus-tratos que levou à morte da menina. Igor e seu companheiro, Jean Ocampo, haviam feito duas denúncias contra a mãe da criança, Stephanie de Jesus da Silva, e seu então companheiro, Christian Campoçano Leitheim. O casal relatou que enfrentou preconceito e obstáculos ao tentar denunciar as agressões. Sophia faleceu aos 2 anos e 7 meses, em janeiro de 2023, com sinais de violência. Stephanie e Christian foram condenados a 20 e 32 anos de prisão, respectivamente, em dezembro do mesmo ano.

O segundo boletim de ocorrência, feito pelo pai da criança, relatava uma fratura na perna de Sophia. E é este o caso que só começou a ser julgada agora, dois anos e cinco meses após a morte da menina. Na ocasião, Jean levou a filha à Delegacia de Proteção à Infância e Adolescência, alegando que ela havia sido agredida, e não vítima de acidente.

Igor, bastante abatido, reclamou que se o tivessem ouvido ainda nos primeiros relatos de maus-tratos levados às autoridades, a enteada poderia estar viva. “Hoje, ser ouvido pela primeira vez, eu nem sei que palavra usar, porque é como se fosse tarde demais. Não vai trazer a Sophia", lamentou.

Ele reclamou que sempre que ele e o marido, pai de Sophia, iam relatar as violências que percebiam, ele era colocado de lado. “Ficava um jogo de empurra. Nunca queriam me ouvir, já barravam na entrada. ‘O que o senhor é dele?’ ‘Sou esposo’. ‘Então o senhor aguarda aqui’. E ali eu ficava. Se fosse uma mulher, a gente sabe que iam entrar, que iam falar, que iam ser ouvidos, que o processo ia ser diferente”, disse Igor.

O pai afetivo ainda ressalta que é duro ter que relatar tudo novamente, sabendo que a menina não vai voltar. "Infelizmente, tive que sentar naquela cadeira pra falar sobre o que fizeram com ela, sobre a tortura. Me ouviram. Então a gente luta pra que aumente essa pena, porque sabe que nada vai trazer a Sophia de volta”, desabafou.

Audiência - A audiência desta sexta-feira foi realizada em uma sala de videoconferência do Fórum Cível e Criminal de Campo Grande, com participação dos dois acusados, Stephanie e Christian, que estão presos. Segundo relato, o advogado de Stephanie pediu o adiamento da audiência para que ela pudesse participar de um curso de especialização em São Paulo, mas o juiz indeferiu o pedido e manteve a oitiva.

Por estar em segredo de justiça, Jean e Igor não pôde comentar quem foi ouvido ou o conteúdo da audiência. Eles reforçaram, no entanto, que esperam o aumento da pena dos réus.

 Ouvidos sobre maus-tratos, pais de Sophia lamentam: "é tarde demais"
O casal formalizou duas denúncias de maus tratos e tortura, antes da morte de Sophia. (Foto: Osmar Veiga)

“Não é fácil, sabe? Reviver tudo isso é muito difícil. A saudade da Sophia é todos os dias. E reviver o que fizeram com ela é muito torturante. Tanto eu quanto o Igor ficamos muito abalados com tudo isso”, afirmou Jean.

O casal foi ouvido na primeira parte da audiência e apontou falhas sistêmicas quando buscou ajuda. Eles procuraram o Conselho Tutelar, a delegacia e a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, mas afirmam que não foram ouvidos.

O caso - Sophia tinha apenas 2 anos e 7 meses quando morreu, no dia 26 de janeiro de 2023. Ela foi levada já sem vida à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, com evidências de traumatismo na coluna cervical, hemotórax bilateral e sinais de violência sexual.

O julgamento de Stephanie e Christian ocorreu nos dias 4 e 5 de dezembro do ano passado. Durante a audiência, foram ouvidos policiais e testemunhas. Christian foi condenado a 32 anos de prisão em regime fechado, e Stephanie, a 20 anos.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias