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Capital

“Tem que rezar”: Sem perito no INSS, segurados fazem 3ª tentativa em vão

Nesta segunda-feira, pessoas da Capital e do interior não conseguiram, mais uma vez, passar pela perícia

Por Jéssica Fernandes e Murilo Medeiros | 06/01/2025 12:25
“Tem que rezar”: Sem perito no INSS, segurados fazem 3ª tentativa em vão
Nesta segunda-feira, Teresinha precisou remarcar perícia pela terceira vez. (Foto: Murilo Medeiros)

“A atendente falou que tem que rezar para ser atendida no dia 9, mas já venho rezando há muito tempo”, diz Teresinha Socorro Jacinto, de 53 anos. A professora é só mais uma entre várias pessoas que, nesta segunda-feira (6), ficaram sem receber atendimento na agência do Horto Florestal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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A greve nacional dos peritos do INSS está causando grandes transtornos para cidadãos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Várias pessoas tiveram seus atendimentos cancelados na agência do Horto Florestal, sendo obrigadas a remarcar suas perícias médicas, mesmo após longas esperas e viagens. A falta de médicos, devido à greve, recesso ou atestados, gera indignação e frustração nos cidadãos que necessitam de auxílio doença ou aposentadoria, com relatos de humilhação e aconselhamento irônico por parte de atendentes do INSS.

A greve nacional dos peritos, que teve início em agosto de 2024, vêm impactando o atendimento na Capital de Mato Grosso do Sul há meses. Esperando passar pela perícia desde novembro, Teresinha precisou remarcar pela terceira vez o agendamento após não conseguir passar pelo médico nesta segunda. “É muita humilhação, descontaram do meu salário por 30 anos e agora tenho que passar por isso”, desabafa.

Dessa vez, o atendimento ficou para o dia 9 de janeiro, na quinta-feira. A professora, que tem depressão e crise de ansiedade, está tentando se aposentar desde o ano passado, porém não consegue dar continuidade ao processo.

“Tem que rezar”: Sem perito no INSS, segurados fazem 3ª tentativa em vão
Franklin José mostra o papel de reagendamento que recebeu nesta manhã. (Foto: Murilo Medeiros)

Na porta da agência da Rua Anhanduí, Franklin José da Costa, lamentou a viagem perdida. Encarregado de loja, ele veio de Paranaíba, a 408 km de Campo Grande, porque precisa passar pelo médico especialista que atende somente na Capital.

Há sete meses, ele está afastado do trabalho devido a uma fratura na mão esquerda que o fez perder o movimento de dois dedos. Sem remuneração, ele está tentando passar pela perícia para conseguir o auxílio-doença.

Franklin conta que ontem recebeu uma notificação do aplicativo do INSS confirmando a perícia, porém, só hoje descobriu que não tinha nenhum médico para fazer o atendimento. Na porta, segundo o encarregado de loja, uma atendente do INSS o aconselhou a rezar para o atendimento dar certo.

“Tem que rezar”: Sem perito no INSS, segurados fazem 3ª tentativa em vão
Agência Horto Florestal na Rua Anhanduí, em Campo Grande. (Foto: Murilo Medeiros)

“Ela disse: ‘Vai orando, para ver se consegue ser atendido’. Passei muita raiva, não tem como não ficar revoltado. Sai de lá 00h para chegar aqui e falar que não vão me atender?”, indaga.

Pela quarta vez, Paula Rodrigues Ferreira, de 37 anos, e a mãe, Donária Rodrigues Costa Ferreira, de 60 anos, foram em vão à agência. Donária quebrou a mão e teve tendões e nervos rompidos no ano passado e desde então recorre ao auxílio-doença pelo INSS.

Diante dos sucessivos reagendamentos, Paula comenta que o benefício faz falta para a mãe. “É uma falta de consideração, porque a gente recolhe justamente para isso e é um direito nosso. O benefício faz muita falta para minha mãe, ela foi reagendada para o dia 9 de janeiro, daqui a três dias”, afirma.

Hoje, um atendente informou para mãe e filha que alguns dos médicos estão em greve, porém os que não aderiram estão de recesso ou atestado.

A reportagem procurou a assessoria do INSS que justificou lembrando que "parte da categoria dos peritos médicos federais está em greve e isso impacta em alguns atendimentos. O INSS está remarcando as perícias que deixam de ser realizadas em função da paralisação. A greve é nacional. Cerca de 10% dos peritos estão fazendo greve parcial, ou seja, continuam atendendo, mas com redução no número de pericias realizadas".

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