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Capital

Tempos mudaram e, agora, nem na campanha favela vê políticos

Christiane Reis e Júlia Kaifanny | 04/10/2016 15:21
Moradores da favela batizada como Só por Deus; 'só acreditamos nas promessas de Deus', diz um morador (Foto: Fernando Antunes)
Moradores da favela batizada como Só por Deus; 'só acreditamos nas promessas de Deus', diz um morador (Foto: Fernando Antunes)
Favela do Jardim Canguru, na Capital. (Foto: Fernando Antunes)
Favela do Jardim Canguru, na Capital. (Foto: Fernando Antunes)

Barracos de madeira e lona, pequenos espaços para cada família. No total, são 200 montados há um mês por um grupo, com maioria sem condições de arcar com as despesas de um aluguel. Em época de eleição, o local que poderia ser um “prato cheio” para quem precisa de votos. Mas, os tempos são outros.

A favela não recebeu visita de candidatos a vereador nem a prefeito este ano. Longe de uma mera expressão popular, quem mora na favela “Só por Deus”, localizada no Jardim Canguru, em Campo Grande, dispensa a promessas dos homens. “Não acreditamos em promessas, apenas nas promessas de Deus”, como diz o morador Edson Cássio da Silva, 33 anos.

Edson da Silva é pedreiro e está desempregado, situação da maioria dos homens e mulheres que vive ali. Ele, que mora no barraco com a irmã, a esposa e três crianças, disse que os moradores do local ainda pensam que será possível conseguir um pedaço de terra para que possam tentar construir.

A vizinha, Miriam dos Santos, 55 anos, trabalha como doméstica e disse que a situação está bem difícil. “ Aqui, a gente trabalha cedo para ter o que comer à noite. Não tenho condições de pagar aluguel, porque se eu pudesse estaria em outro lugar”, disse. Sobre a atenção que receberam dos políticos nesse período de corrida eleitoral, ela foi incisiva: “ Nenhum político apareceu aqui não, por isso o jeito é apenas confiar em Deus”, disse ela, que mora em um dos barracos com três netos.

Miriam dos Santos disse que "trabalha cedo para tem o que comer à noite". (Foto: Fernando Antunes).
Miriam dos Santos disse que "trabalha cedo para tem o que comer à noite". (Foto: Fernando Antunes).

Segundo Marcos Rodrigues, 43 anos, conhecido como “batata”, a estimativa é de que existam no local uns 200 barracos, mas na leitura dele tem muita gente oportunista entre o grupo. As famílias que realmente moram ali e não têm condições de arcar com despesas de uma moradia somam 40 e a média é de 100 crianças. “Mas nós estamos atentos para quando conseguirmos algo a prioridade seja para essas famílias que realmente não têm condições”, disse. Ali moram pessoas de diferentes regiões da Capital.

Ele também reforçou a ausência dos políticos nesse período e disse que a esperança é que algo ocorra após as eleições. “Vamos esperar passar essas eleições para ver como ficará a nossa situação”, disse. Ele também está desempregado.

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