Fila incomoda, e central de empregos “despacha” desempregados
O Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador de Três Lagoas - distante 338 km de Campo Grande -, um dos responsáveis por oferecer vagas de empregos da região, vai deixar de realizar o balcão de vagas. Por causa das reclamações sobre a fila de desempregados em frente ao prédio, que tem reunido centenas de pessoas, o órgão decidiu devolveu a função aos anunciantes e a fila terá que mudar de lugar.
A promessa da abundância de empregos em Três Lagoas tem atraído trabalhadores de todo o país, mas, principalmente, das regiões norte e nordeste. Na maioria dos casos, o trabalhador chega em Mato Grosso do Sul arriscando a sorte, sem ter onde morar e apenas com a informação de que há vaga, mas diferentemente da propaganda, as oportunidades são a conta gotas, e a fila de espera só aumenta em frente ao Ciat do município.
A medida, segundo Fátima Montanha, gerente do Ciat, foi a solução encontrada para acabar com a lotação em frente ao prédio e, consequentemente, cessar a reclamação dos moradores da região, que estavam incomodados com a situação. Segundo ela, os desempregados acabam por fazer suas necessidades fisiológicas nas ruas, e isso estaria incomodando a vizinhança.
Ela explicou também que ontem, 28, foi realizada uma ata entre sindicato e empresas, e por unanimidade, a partir de segunda-feira, dia 1º de agosto, as empresas do setor da construção – principal mote de vagas – ficarão responsáveis pelo recrutamento. “Os interessados deverão procurar as empresas não mais o Ciat. O centro não tem mais responsabilidade”, afirmou.
Embora a fila tenha sido remanejada, o problema ainda deve continuar na cidade, de acordo com a assistente social do município Mara Carrara. Segundo ela, são pelo menos cem pessoas por dia a procura de emprego na cidade, e com medo de perder uma vaga, acabam dormindo em frente ao prédio. Mas além disso, o único local que poderia abrigar esses imigrantes seria albergue do município, que só oferece 50 vagas, e normalmente está lotado. “Nos levamos cobertores, mas essas pessoas não querem assistência social, querem emprego. Preferem ficar na fila do emprego, não querem sair de lá para não perder o lugar”, ressaltou.
A cidade abriga indústrias e se tornou aposta dos desempregados, principalmente, a duplicação da Eldorado Brasil e da Fibria, duas grandes indústrias de celulose, a geração de emprego depende da evolução das obras. Atualmente, 4 mil pessoas trabalham na obra da Fibria. A expectativa é de até 2018, o setor da construção em Três Lagoas ofereça 40 mil vagas, conforme informações Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador.