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Interior

Fronteira está em guerra e MS continua órfão da União, diz secretário estadual

Em Dourados, José Carlos Barbosa disse hoje que aumento de assassinatos é reflexo da disputa pelo controle do narcotráfico e voltou a reclamar da ausência do governo federal na fronteira

Helio de Freitas, de Dourados | 21/11/2016 11:24
José Carlos Barbosa entregou motos e coletes para a PM, hoje em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
José Carlos Barbosa entregou motos e coletes para a PM, hoje em Dourados (Foto: Helio de Freitas)

O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, disse nesta segunda-feira (21), em Dourados, a 233 km de Campo Grande, que a fronteira com o Paraguai está “em ebulição” após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, em junho deste ano.

Segundo ele, a guerra travada por grupos criminosos pelo controle do tráfico tem reflexos nas principais cidades sul-mato-grossenses. “O aumento das mortes é resultado dessa guerra”, afirmou Barbosa, ao entregar coletes e motos para a Polícia Militar da segunda cidade de Mato Grosso do Sul.

Só ontem, três pessoas foram assassinadas em Dourados. Em pelo menos dois casos há suspeita de ligação das vítimas com o narcotráfico e uso de drogas.

União ausente – Em Dourados, o secretário repetiu o discurso do governador Reinaldo Azambuja e afirmou que MS está “órfão da União”, pois o governo federal não assume seu papel na luta contra o crime organizado.

“O Estado sozinho não tem como executar essa tarefa de cuidar da fronteira. Após a morte do Rafaat, vários grupos criminosos disputam o controle do comércio de drogas e isso tem reflexo até mesmo em outros estados, como são Paulo e Rio de Janeiro”, afirmou José Carlos Barbosa.

Curiosamente, na década de 80 o atual secretário de Segurança Pública foi colega de Jorge Rafaat na turma de direito da Unigran.

Caos na segurança – “A segurança pública vive uma grave crise nacional. O caos se instalou principalmente na área de execução penal”, afirmou José Carlos Barbosa.

Segundo ele, apesar da crise, Mato Grosso do Sul é o único estado que atualmente faz investimento em segurança pública com recurso próprio. “A luta dos outros estados é para pagar a folha. Vinte estados estão parcelando salários e quem parcela salário não investe em segurança”.

O secretário defendeu uma mudança no atual modelo de gestão pública e responsabilizou o déficit da previdência estadual pela limitação de investimento para aparelhar as polícias.

“O déficit da previdência em MS deve passar de 1 bilhão de reais em 2017. É por isso que tem policial saindo na rua com colete vencido, empurrando motocicleta estragada, mas o governo do Estado está fazendo todos os esforços para investir o possível em segurança pública”, afirmou.

José Carlos Barbosa, que mora em Dourados, disse que a estrutura da segurança pública encolheu na segunda maior cidade de MS nos governos anteriores. “Antes existiam quatro delegacias, hoje só temos duas. Mas eu e o governador não somos milagreiros, não é possível resolver problemas de anos de uma hora para outra”.

Concurso – O secretário anunciou que ainda neste ano será lançado o edital do concurso público para contratar 50 delegados, 150 escrivães e cem agentes para a Polícia Civil.

Hoje em Dourados, a Sejusp entregou à PM 64 capacetes, 21 motos, 10 escudos e 276 coletes balísticos, que substituem os coletes que estavam vencidos, mas continuam sendo usados pelos policiais.

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