Indígenas estão refazendo barracos, diz ministério ao negar novas ocupações
Ministério dos Povos Indígenas rebateu informação de produtores de que novas áreas foram ocupadas ontem
O Ministério dos Povos Indígenas negou que novas áreas tenham sido ocupadas no município de Douradina, onde a comunidade guarani-kaiowá e produtores rurais disputam a posse de terras. Pelo menos 14 pessoas ficaram feridas em confrontos ocorridos no local em menos de 30 dias.
Nesta terça-feira (13), produtores rurais do Travessão da Carmelândia, entre a MS-479 e a MS-156, afirmaram que os indígenas teriam invadido outros sítios, a cerca de 7 km do Sítio José Dias Lima e da Fazenda Spessato, onde os dois grupos estão acampados frente a frente, sob vigilância da Força Nacional.
Entretanto, em nota enviada ao Campo Grande News nesta quarta-feira, o MPI informou que essa área já havia sido “retomada” e que a movimentação verificada ontem e hoje trata-se apenas da reconstrução de barracos, destruídos no dia 3 deste mês durante o ataque que deixou ao menos dez indígenas feridos.
A ação, atribuída a produtores rurais e seguranças privados, motivou a vinda da ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara à área em disputa, na semana passada. No local, ela conversou com os sitiantes, pediu o fim dos ataques e prometeu esforço para resolver o impasse em torno do processo de demarcação.
“Circularam informações de que indígenas teriam retomado outros imóveis no interior da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica, em Douradina. A esse respeito, o Ministério dos Povos Indígenas informa que as áreas mencionadas já estavam ocupadas pelos guarani-kaiowá desde meados de julho”, afirmou o ministério.
“Os fatos foram checados in loco por servidores do MPI e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que estiveram na área junto com a Força Nacional de Segurança Pública”, informou o ministério.
O MPI esclareceu que na Terra Panambi Lagoa Rica existem sete “retomadas”. Além de quatro mais antigas, feitas entre 2010 e 2022, em julho ocorreram três novas “ações de recuperação territorial”, nas áreas denominadas “Yvy Ajhere”, “Pikyxyin” e “Kurupa’yty”.
“A primeira retomada, Yvy Ajhere, ocorreu no dia 15 de julho, ao sul. Nos dias seguintes, os indígenas realizaram as retomadas Pikyxyin e Kurupa’yty, ao norte. Em todas foram registrados ataques armados contra os indígenas, sendo que o mais violento foi na Kurupa’yty, que deixou indígenas feridos com munição letal”, afirma o órgão federal.
O MPI encerra a nota reforçando que não há novas ocupações feitas pelos indígenas na Panambi Lagoa Rica e que a Força Nacional permanece mobilizada na área para evitar acirramento das tensões.
Após os ataques dos dias 3 e 4 deste mês e depois da vinda da ministra, a Força Nacional triplicou o efetivo em Douradina. No sábado (10), representantes da comunidade foram recebidos em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediram a desmobilização do acampamento montado pelos produtores a poucos metros de uma das “retomadas”.
Os indígenas alegam que o acampamento seria base da “agromilícia” montada para atacar os acampamentos. Os sitiantes afirmam que o acampamento marca a resistência dos proprietários e a disposição em lutar pelas terras, que dizem possuir há pelo menos meio século.
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