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Interior

Índios mantêm ocupações três semanas após conflito e morte

Juiz federal, procurador e políticos locais se reuniram com índios na semana passada, mas tentativa de acordo fracassou

Helio de Freitas, de Dourados | 07/07/2016 14:56
Índios ocupam três fazendas e oito sítios em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)
Índios ocupam três fazendas e oito sítios em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)

Índios guarani-kaiowá mantêm há três semanas a ocupação das fazendas Yvu, Novilho e Santa Maria e de pelo menos oito sítios nos arredores da reserva Tey Kuê, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. Até agora fracassaram todas as tentativas de uma desocupação pacífica.

No dia 14 de junho, fazendeiros e seguranças atacaram o grupo que tinha entrado na Yvu. Seis índios ficaram feridos a tiros e o agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu. Como retaliação, os índios queimaram lavouras de cana, um caminhão e uma viatura da Polícia Militar e ampliaram as ocupações para as outras áreas.

Reunião com juiz – Na sexta-feira passada, dia 1º de julho, houve uma audiência na Câmara de Caarapó, para tentar convencer as lideranças a saírem das fazendas. Mas o acordo não avançou e os índios recusaram a proposta.

Eles lutam pela demarcação de parte do território Dourados­Amambaipeguá I, que engloba 65 mil hectares e atinge Caarapó, Amambai e Laguna Carapã. O relatório de identificação foi publicado no dia 13 de maio pela Funai.

O Campo Grande News apurou que a audiência de conciliação foi realizada na Câmara de Vereadores de Caarapó pelo juiz federal Leandro André Tamura.

Escoltados – Sob forte esquema de segurança da Polícia Federal e Polícia Militar, o juiz se reuniu por quase cinco horas com lideranças indígenas. O procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, o delegado da Polícia Federal Luiz Carlos Ramos Filho e o prefeito Mário Valério (PSDB) participaram do encontro, que tentou a desocupação pelo menos das áreas menores, mas a proposta foi recusada.

Pessoas presentes à reunião contam que o juiz pediu aos índios que deixassem os sítios, pois os proprietários dependem dessas áreas para subsistência, mas não houve avanço.

Continua internado - Jesus de Souza, 29, irmão de Clodiodi e também ferido a tiros no ataque do dia 14, permanece internado no HU (Hospital Universitário) de Dourados. Ele foi transferido para o local há duas semanas após passar por cirurgia no Hospital da Vida.

De acordo com a assessoria do HU, o paciente apresenta melhora gradativa, mas ainda não tem data para receber alta. Houve suspeita de que ele estava com tuberculose, mas os exames descartaram a doença na semana passada.

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