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Interior

Morte de criança indígena segue em investigação e será levada ao Congresso

Segundo a Prefeitura de Dourados, a família recebe cesta básica e Bolsa Família; entidades cobram apuração

Izabela Cavalcanti | 06/05/2023 10:17
Na mesa, carne, suco e bolacha eram alimentos da família, em Dourados (Foto: Ricardo Minella)
Na mesa, carne, suco e bolacha eram alimentos da família, em Dourados (Foto: Ricardo Minella)

A morte da criança indígena, de 1 ano e 3 meses, segue em investigação pelo MPF (Ministério Público Federal) e a promessa é de que o caso seja levado também ao Congresso Nacional pelo deputado federal Geraldo Resende (PSDB). A informação é de que a criança teria morrido por desnutrição na última segunda-feira (1°), no município que fica a 233 quilômetros de Campo Grande.

“Vou levar este debate ao Congresso Nacional. Reuni na sexta com 11 vereadores indígenas e um vice-prefeito. Já tenho discutido com os ministros da Saúde, Povos Indígenas, Educação, Cidadania e Relações Institucionais projeto que envolva vários ministérios a ser implantado em Dourados, como piloto, para depois ser expandido por todo o País”, disse ao Campo Grande News, sem dar muitos detalhes.

Integrantes da Kuñangue Aty Guasu (Grande Assembleia Das Mulheres Kaiowá e Guarani) pediram emergência na apuração do caso ao Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), MPF, DPU (Defensoria Pública da União), Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Assistência Social, Defensoria Pública Estadual e Conselho Estadual de Direitos Humanos.

Criança morreu na última segunda-feira e entidades pedem investigação.(Foto: Reprodução/Aty Guasu)
Criança morreu na última segunda-feira e entidades pedem investigação.(Foto: Reprodução/Aty Guasu)

Conforme nota emitida pela Prefeitura de Dourados, a família recebe cesta básica mensalmente e Bolsa Família, além de ser atendida pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social), que é vinculado à Secretaria de Assistência Social do município.

“Todo histórico de atendimento à família já foi repassado ao Ministério Público Federal. Lamentamos a morte da criança e informamos que a família continuará sendo assistida”.

De acordo com o procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida, a situação é um caso isolado e que a criança que faleceu tem outros quatro irmãos que não estão com desnutrição.

A família mora em um acampamento improvisado no Bairro Santa Felicidade, uma comunidade na periferia da cidade. No barraco, moram a mãe com outros três filhos, além do que faleceu. Lá, moram em barracos apenas 14 famílias indígenas e outras 200 que não são indígenas.

Situação - O deputado federal Geraldo Resende denunciou nesta sexta-feira (5) a morte da criança.

Segundo informações repassadas ao deputado, antes de morrer, a criança estava vomitando com frequência há três dias. Quando percebeu que ele estava perdendo as forças, ela chamou o Samu, porém já era tarde demais.

Para compensar, em alguns dias, a família toma água com açúcar para aplacar a fome. O bebê também era submetido a isso, intercalando o leite e a água adoçada.

O deputado disse que já havia alertado sobre a situação precária destes indígenas. “Estou estarrecido e indignado com essa tragédia, uma criança indígena morrer de fome e outras passando por desnutrição grave, em uma cidade como Dourados, conhecida por ser um dos celeiros do Estado. Inclusive, alertei os Ministérios dos Povos Indígenas, da Saúde e Relações Institucionais, sobre essa gravíssima situação semelhante à vivida pelos Yanomamis em Roraima e que poderia vir a ter as mesmas consequências”, pontuou.

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