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Interior

Projeto para acabar com falta de água em aldeias deve ficar pronto em 90 dias

Grupo de Trabalho criado em fevereiro apresentou relatório hoje em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 04/04/2023 15:22
Máquina trabalha em obras emergenciais para melhorar abastecimento de água em aldeias (Foto: Divulgação)
Máquina trabalha em obras emergenciais para melhorar abastecimento de água em aldeias (Foto: Divulgação)

Grupo de Trabalho criado há dois meses pelo Governo de Mato Grosso do Sul apresentou nesta terça-feira (4) as propostas para acabar com a falta de água nas aldeias indígenas de Dourados (a 251 km de Campo Grande).

Medidas emergenciais foram adotadas nas últimas semanas para melhorar o abastecimento, mas a solução definitiva depende de obras complexas, cujos projetos devem ficar prontos em 90 dias.

O desabastecimento de água da mais populosa área indígena de Mato Grosso do Sul voltou a ganhar repercussão após a crise nacional causada pela morte de yanomamis por desnutrição, em Roraima.

Em janeiro, o Campo Grande News mostrou o drama vivido pelos guarani-kaiowá e terena que habitam as aldeias Bororó e Jaguapiru. Sufocados pela violência ligada principalmente ao consumo de álcool e ao tráfico de drogas, milhares deles não têm água nem mesmo para preparar comida e lavar roupa.

O relatório do grupo de trabalho foi apresentado durante reunião, hoje de manhã, na sede da Sanesul em Dourados. Representantes da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), ligados diretamente ao Ministério dos Povos Indígenas, participaram de forma online.

Coordenador do grupo de trabalho, o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, disse que o Governo do Estado tem se empenhado para buscar soluções possíveis para o problema da falta de água na Reserva Indígena de Dourados.

"Agora estamos na etapa de elaborar os projetos executivos para serem apresentados em Brasília. No máximo em 90 dias, estarão prontos para podermos levar ao Governo Federal e buscarmos juntos, soluções definitivas e os investimentos necessários para acabar com esse problema ", afirmou.

Reunião hoje na Sanesul em Dourados após dois meses de trabalho em aldeias (Foto: Divulgação)
Reunião hoje na Sanesul em Dourados após dois meses de trabalho em aldeias (Foto: Divulgação)

Medidas – Como ações imediatas, a Sanesul sugeriu a substituição de bombas e cabos elétricos e adequação de todos os poços em operação, além da perfuração de dois novos poços e instalação de reservatórios em locais estratégicos.

A estatal também se propôs a fornecer água às aldeias, com a instalação de macromedidor para definir horários e volume a ser disponibilizado. O serviço poderia ser feito por meio de contrato da Sanesul com o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena).

A longo prazo, com investimentos estimados em R$ 24 milhões, a Sanesul informou que prepara projeto para adequar a rede de distribuição de forma a atender as demandas, implantar sistema de tratamento e perfurar superpoço com capacidade de exploração média de 200 metros cúbicos por hora. Cada metro cúbico corresponde a 1.000 litros.

Ações emergenciais – Equipes do Governo do Estado trabalharam nas aldeias nas últimas semanas, para amenizar a falta de água. Foi feita a abertura de trecho de 600 metros para extensão de rede, interligando pelo menos 100 casas nos fundos da aldeia Bororó.

Outra medida executada foi a abertura de nova adutora, com 1.500 metros de extensão, para recuperar a capacidade de produção dos poços tubulares, obstruídos por conta de vazamentos e danificação generalizada. Algumas famílias estavam há dez anos sem o acesso a água.

Segundo dados do Dsei, a Reserva Indígena de Dourados tem população aproximada de 24 mil pessoas, maior do que o total de habitantes de 42 municípios sul-mato-grossenses.

“São mais de 23 anos tentando solucionar o problema da água e agora avançamos com os esforços do Governo de Mato Grosso do Sul, Governo Federal e técnicos da Sanesul”, afirmou o subsecretário estadual de Políticas Públicas para a População Indígena, Fernando Souza.

Também participaram da reunião as lideranças das aldeias Jaguapiru e Bororó, o procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, representantes do Dsei, da Polícia Militar, da Prefeitura de Dourados e da Funai. A próxima reunião do grupo ocorrerá em Brasília (DF), com os técnicos do Distrito Sanitário Especial Indígena.

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