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Interior

Rafaat teve túmulo violado e corpo queimado por integrantes do PCC

A ordem foi dada por Elton Leonel Rumich da Silva, o "Galã", um dos principais líderes da facção na fronteira

Geisy Garnes | 24/07/2019 20:00
Metralhadora calibre 50 usada para matar Rafaat (Foto: Direto das Ruas)
Metralhadora calibre 50 usada para matar Rafaat (Foto: Direto das Ruas)

Investigações da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul apontam que Elton Leonel Rumich da Silva, o "Galã", um dos principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraguai, ordenou que integrantes da facção violassem o túmulo do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, morto a tiros de metralhadora calibre 50, em junho de 2016.

O crime aconteceu exato um ano após a execução de Rafaat, considerado o chefe da fronteira até sua morte. No dia 15 de junho de 2017, três integrantes da facção paulista foram ao cemitério municipal de Ponta Porã, desenterraram o caixão do narcotraficante e atearam fogo em seu corpo, afirmam os investigadores.

Toda a cena foi gravada pelos criminosos e o vídeo encontrado no celular de Lucas Pereira Theodoro, preso em flagrante no dia 11 de agosto de 2017 em uma operação da Polícia Federal que descobriu um “bunker” da facção paulista na fronteira.

Nos celulares apreendidos no mesmo dia, os policiais encontraram conversas em que “Galã” orienta os comparsas a sumirem com o caixão para “causar pânico e demonstrar que eles estavam fortemente na pista”. A violação do tumulo foi confirmada pela esposa de Rafaat e também pelo coveiro do cemitério.

Além de Lucas, Jonathas Carlos Gonzales, conhecido como Zóio e Luiz Henrique da Silva, o Batata, foram identificados como autores do crime através da imagem.

Desde a morte do narcotraficante, Elton Leonel é apontado pela polícia como o mandante do crime. Segundo a polícia paraguaia, “Galã” foi enviado com a missão de expandir as ações do PCC em território vizinho, principalmente no controle do tráfico de drogas e armas, mas encontrou Rafaat no caminho, que não permitia o avanço das facções na fronteira.

Em um ataque cinematográfico, arquitetado por Galã, Rafaat foi morto a tiros de metralhadora calibre 50, que perfuraram a blindagem do seu utilitário Hummer preto. O atirador, o também brasileiro Sérgio Lima dos Santos, foi ferido na boca por um dos seguranças de Rafaat e acabou preso.

Bens apreendidos pela PF no bunker (Foto: Divulgação/Justiça Federal)
Bens apreendidos pela PF no bunker (Foto: Divulgação/Justiça Federal)

O bunker – Em cumprimento a mandados de busca e apreensão em endereços ligados a “Galã” a polícia encontrou o “bunker” do PCC (Primeiro Comando da Capital), com armas, munições e maconha. Na ocasião foram presos em flagrante Diovani Luiz Bello, Sergio Denis Sierra Ayala, Lucas Ferreira Theodoro e Luís Henrique da Silva.

As investigações comprovaram que “Galã” era o chefe do grupo e que Sergio e Ivanilton Moretti, o Grandão – assassinado no dia 24 de julho do ano passado em uma boate de Pedro Juan Caballero – eram seus principais ajudantes. Os outros três presos vinham abaixo na “hierarquia”.

Sergio era sócio do traficante em duas empresas no Paraguai, que eram usadas para lavar dinheiro do tráfico. Já Ivanilton era o responsável pela instalação e operacionalização do bunker. No local foram apreendidos ainda documentos e uma caminhonete Dodge Ram blindada em nome de uma das empresas, a RSS Internacional S.A..

Em março de 2018, “Galã” teve a prisão decretada pela Justiça Federal de Ponta Porã em virtude a análise do material apreendido na ocasião. Na decisão, o juiz ressalta a importância do investigado dentro da facção e ainda a força bélica e a estrutura logística da organização, “que conta com centro de comando e veículos blindados, nem sempre disponíveis às próprias Forças de Segurança Pública no Brasil”.

Elton Leonel Rumich da Silva, o "Galã", está preso no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Elton Leonel Rumich da Silva, o "Galã", está preso no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Hezbollah – A Polícia Federal do Rio de Janeiro ainda apura se Elton Leonel usava empresas que mantinha com nomes falsos no Paraguai para lavar dinheiro de terroristas ligados ao grupo paramilitar islâmico Hezbollah que atuam entre Brasil, Paraguai e Argentina.

Reportagem do jornal carioca O Dia cita que na parceria os terroristas teriam lucrado com venda de cocaína e, com ajuda das empresas de fachada do traficante, tornam o dinheiro legal, usado para financiar atentados. Em troca, facilitariam a compra de armas a traficantes. O acordo também conta com proteção de membros do Hezbollah em cadeias brasileiras por integrantes dessas facções.

As empresas paraguaias RSS Internacional e Notles S.A são citadas pelo jornal como sendo de propriedade do traficante e citadas em processos em tramitação na 2ª Vara da Justiça Federal de Ponta Porã.

Em junho, a Veja divulgou que setores de inteligência policial teriam detectado atividades do Hezbollah na região de Ponta Porã –a 329 km de Campo Grande–, cuja ação na área de Tríplice Fronteira é alvo de suspeita há anos.

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