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Cidades

PF foi a fazendas de “laranja”, foragido e vendida por filho de Puccinelli

Sede de empresas e duas secretarias do governo do Estado também foram visitadas

Aline dos Santos | 12/05/2017 13:43
Lama Asfáltica teve quarta  fase deflagrada ontem pela Polícia Federal. (Foto: Marcos Ermínio)
Lama Asfáltica teve quarta fase deflagrada ontem pela Polícia Federal. (Foto: Marcos Ermínio)

Na quarta fase e com prejuízo aos cofres públicos já calculado em R$ 150 milhões, a operação Lama Asfáltica foi em busca de documentos em cinco fazendas, sede de empresas e duas secretarias do governo do Estado. A ação foi realizada ontem (dia 11) pela PF (Polícia Federal).

No quesito imóvel rural, os alvos foram as fazendas Baía das Garças/São Bento e JL (Porto Murtinho), Rancho Itália (Nioaque) e Palanque (Campo Grande). A Baía das Garças é de propriedade da Idalina Patrimonial e Tereza Cristina Amorim, esposa do empresário João Amorim, dono da Proteco Construções e da ASE Participações, já investigadas em outras fases.

Conforme o pedido de busca e apreensão, a fazenda é sede da empresa Agropecuária Baía Participações, cujos sócios são as filhas e esposa de Amorim e o genro de Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras).

A fazenda Rancho Itália é de propriedade de Mauro Cavalli, que teve condução coercitiva (quando a pessoa é detida para depor) ontem. A suspeita é que ele tenha atuado como “laranja” de André Puccinelli (PMDB). A PF chegou a pedir a prisão do ex-governador, mas a Justiça determinou fiança de R$ 1 milhão e ele foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica.

Já a propriedade rural JL pertence a Jodascil da Silva Lopes. Até a manhã de hoje, ele estava foragido. Jodascil era coordenador de Administração e Apoio Escolar da SED (Secretaria Estadual de Educação) e participou de aquisição de livros sob suspeita na Gráfica Alvorada. Para a investigação ele tem movimentação financeira atípica.

Localizada a 90 km da área urbana de Campo Grande, a fazenda Palanque foi comprada em 2003 por André Puccinelli Júnior. O valor foi de R$ 1,3 milhão. No mesmo ano, foi vendida por R$ 4,5 milhões para um comprador que, aparentemente, teria padrão de vida de classe média. Levantamento preliminar avalia que a fazenda tem valor de R$ 20 milhões.

Equipe cumpriu mandado em empresa na Capital.
(Foto: André Bittar)
Equipe cumpriu mandado em empresa na Capital. (Foto: André Bittar)

As empresas – As equipes cumpriram os mandados de busca em três unidades da JBS, sendo duas em Campo Grande e a sede em São Paulo. A investigação aponta que recursos de incentivo fiscal financiaram propina. Do mesmo grupo, foi alvo a Eldorado Brasil Celulose, em Três Lagoas.

Na Capital, os alvos foram Águas Guariroba, Mega Aval Editora, Digitho Brasil Soluções em Softwares, H2L Equipamentos e Sistemas Ltda (sede e depósito), HBR Medical Equipamentos Hospitalares. Em São Paulo, o mandado foi para a Ice Cartões Especiais Ltda. No Paraná, a polícia fez buscas na DM Construtora de Obras Ltda.

Responsável pelos serviços de saneamento em Campo Grande, a Águas Guariroba é citada por simular a compra de uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) e adquirir R$ 300 mil em livros jurídicos do advogado André Puccinelli Júnior.

No Parque – Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) e SED (Secretaria Estadual de Educação), ambas no Parque dos Poderes, na Capital. A operação prendeu André Cance, ex-secretário adjunto de Fazenda e Micherd Jafar Junior, dono da gráfica.

Sefaz foi fechada na manhã de ontem durante operação. (Foto: Marina Pacheco)
Sefaz foi fechada na manhã de ontem durante operação. (Foto: Marina Pacheco)

Outro lado - A Águas Guariroba informou que não vai se pronunciar, no momento, mas que está à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento.

A JBS informou por meio de nota que “as informações sobre a Companhia são públicas e que prestou todos os esclarecimentos e dados solicitados. A empresa se mantém à disposição das autoridades”.

O advogado Carlos Marques, que defende a H2L e HBR, garantiu por meio de nota que as empresas não têm envolvimento com irregularidades. A reportagem entrou em contato com a Ice Cartões e aguarda retorno.

O Campo Grande News não conseguiu contato com a Mega Aval e nem com a DM Construtora.

A defesa da atual Digix, citada pelo antigo nome Digitho, informa que aguarda a investigação com tranquilidade. “A empresa está muita tranquila em relação à operação”, diz o advogado Ronaldo Franco.

A operação foi realizada por meio de força-tarefa com a CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal.

PF foi a fazendas de “laranja”, foragido e vendida por filho de Puccinelli
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