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Em Pauta

1.940: Bela Vista fazia parte da "República da Música"

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 30/06/2024 08:00
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Bela Vista, junto com Ponta Porã e Porto Murtinho, constituíam a "República da Música". Por lá, vendiam anualmente, nada menos de 400 violões.... e nenhuma enxada. Tinham adoração pela música e odiavam a agricultura. Viviam em cima de cavalos pastoreando as vacas. Não andavam uma quadra da cidade sequer a pé. E sempre com uma cuia de tereré nas mãos. Essa a "fotografia" da cidade fronteiriça que a história nos legou. Seus homens, fossem guaranis ou brasileiros, andavam com roupas típicas dos gaúchos.


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Quatro meses: a viagem inacreditável de uma carta.

Há um dado estarrecedor. O governo brasileiro era recordista em ineficiência. Uma carta enviada em B.Vista destinada a P.Porã, demorava entre três a quatro meses para chegar ao destino. Cumpria uma viagem que começava em B.Vista, ia passear na distante Cuiabá, para voltar a região de onde partiu. A maior parte do trajeto era feito em carroças. A cidade tinha rede telegráfica, mas raramente funcionava. A maior parte dos telegramas para lá expedidos, não chegavam. B.Vista se conectava preferencialmente com Aquidauana, ao contrário de Dourados, que comercializava preferencialmente com C.Grande.


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Um quilo de carne por pessoa diariamente.

Não havia nem cebola em B.Vista. A cidade produzia tão somente vacas, laranjas e limas. Todo os produtos hortifruti saiam de Aquidauana, que por sua vez, também tinha uma diminuta produção. Consumiam uma quantidade absurda de carne de vaca, nada menos de um quilo por pessoa diariamente.


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Cidade isolada.

O isolamento, a falta de comunicação rápida, a sua situação de zona despovoada, vizinha de outro país também despovoado na parte fronteiriça e quase despoliciado, tudo concorria para a vida sem segurança. Apesar das péssimas condições, o banditismo não dava as cartas na cidade. Os profissionais do crime raramente apareciam por lá. Condição muito diferente de P.Porã. Mas quando aparecia, levava grandes manadas de vacas para o Paraguai sem a menor oposição, era uma fronteira livre para a criminalidade. Era fácil detectar gente de fora. Em B.Vista falavam um dialeto surgido da mistura de guarani, espanhol e português que os de outras cidades não entendiam. A deturpação linguística era incompreensível. Falavam "a água bebeu o boi", em lugar de "o boi bebeu a água"; "capim já comeu o cavalo", em lugar de "o cavalo já comeu o capim". Coisas absurdas como "esta mulher são boa" ou "este cavalo são bonito" lá se ouviam a cada instante. Se doía nos ouvidos, era uma forma de proteção contra pessoas de outras cidades.
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