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Economia

Em 2016, instabilidade climática foi 'inimiga' do produtor de grãos de MS

Safra de milho sofreu quebra de 33,4% e produtores de suínos e aves também foram impactados pelo clima

Elci Holsback | 28/12/2016 09:47
Safra de milho registrou quebra de 33,4% devido estiagem e geadas (Foto: Marcos Ermínio)
Safra de milho registrou quebra de 33,4% devido estiagem e geadas (Foto: Marcos Ermínio)

O clima não foi aliado da produção agrícola de Mato Grosso do Sul em 2016. As chuvas intensas do início do ano acarretaram em atraso da colheita de soja, o que influenciou diretamente no plantio do milho safrinha, que teve quebra de safra de 33,4%.

No meio do ano, as fortes geadas e a estiagem mais uma vez influenciaram no desenvolvimento do grão. Segundo o analista em agricultura do Sistema Famasul, Leonardo Carlotto, a soja sofreu menos impacto que o milho, que, além do atraso no plantio, teve dificuldades em florescer devido o frio e falta de água para germinar.

“A lavoura que pegou estiagem no início registrou em média de redução de 35% na produtividade. Foram cerca de 40 dias sem chuva em algumas regiões do Estado e das 85 sacas por hectare estimadas, a maioria dos produtores alcançou apenas 59 sacas por hectare, o que significa que 3 milhões de toneladas do grão deixaram de ser produzidas”, explica Carlotto.

O resultado não afetou apenas os produtores do grão. Avicultores e suinocultores foram diretamente prejudicados pela quebra na safra do milho, um dos principais insumos para a alimentação dos animais.

“Com a expressiva quebra na safra, os impactos foram sentidos pelos produtores, que que tiveram sua renda comprometida, bem como os setores de aves e suínos que sentiram o impacto dos altos preços do milho, cuja participação é de mais de 80% no custo da ração. Já na soja, houve pouca influência climática na safra 2015/2016, pois, já estava em período de colheita no início deste ano”, avalia a gestora de economia do Sistema Famasul, Adriana Mascarenhas. 

Exportações - Balanço divulgado no início de dezembro pelo MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) aponta que a soja continua liderando o ranking de exportações do Estado, com 27,5% do total exportado, mas ainda assim, comparado ao mesmo período de 2015 a oleaginosa registrou queda de 17,4% nas exportações.

Já o milho, que neste ano representou 10% das exportações de ato Grosso do Sul, reduziu 24,5% sua participação nas exportações do Estado.

Segundo especialistas, soja não foi afetada pelo clima em 2016 (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo especialistas, soja não foi afetada pelo clima em 2016 (Foto: Marcos Ermínio)

Expectativa – Para o próximo ano a classe produtora acredita em reação, mas o clima segue como fator determinante e preocupante para o bom desempenho das safras. O VBP (Valor Bruto da Agricultura) deve ser de R$ 17,98 bilhões no próximo ano, crescimento de 5,65%, segundo a Aprosoja / MS (Associação dos Produtores de Soja).

O plantio da oleaginosa é de 7.087 milhões de toneladas em 2,5 milhões de hectares, contabilizando apenas 2,4% de evolução de área.

Ainda de acordo com Bortolotto, o crescimento de área ocorre devido avanço em locais de pastagem de pouca produtividade. "Estamos trabalhando com um número menor, em safras anteriores o avanço chegava até 6%, mas porque a rentabilidade da soja este ano é uma incerteza, o preço caiu em relação a safra que colhemos, o número vendido antecipadamente é menor, houve uma quebra no milho safrinha e tudo isso faz com que o produtor diminua o avanço na área plantada. São fatores normais na agricultura e 2017 é um ano de consolidar as áreas e aumentar a rentabilidade".

A economista do Sistema Famasul completa ainda com estimativa de menor lucratividade ao produtor em 2017. “Para o mercado de soja, a expectativa é que a renda do produtor seja menor, pois a tendência é de custo maior, preços menores e dólar mais baixo na safra 2016/2017”, completa Adriana Mascarenhas.

Quanto ao milho, entidades representativas do setor projetam reação de retomada na produtividade, com 80 sacas por hectare plantado do grão. “Acreditamos que a área produtiva deve crescer, devido o aumento já registrado da área de soja, onde em algumas regiões, como no sul do estado houve plantio de 100% de toda a área disponível. Já em outras regiões, como no norte, a média de plantio é de 30% já que o produtor prefere não correr riscos”, avalia o analista em agricultura, Leonardo Carlotto.

Em uma situação contrária à soja, os produtores de milho encontram cenário positivo, segundo avaliação de especialistas, com boa expectativa de rentabilidade. “Haverá dificuldade de abastecimento de milho até meados de 2017. Portanto, se não houver corte de demanda interna e nem um forte fluxo de importações é possível que os bons preços se repitam, no entanto os custos de produção de milho também devem subir, impulsionados pela valorização das sementes”, avalia a economista Adriana Mascarenhas.

Segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgado em 8 de dezembro, Mato Grosso do Sul deve cair uma posição no ranking de produtividade na agricultura em 2017, passando do 5° para o 6° lugar, com 3.902 milhões de toneladas previstas.

Mas, de acordo com a estimativa da safra, mesmo caindo um posto no ranking, a produtividade do Estado será 22% maior se comparada a 2016. Já a área cultivada reduzirá 8,4%, atingindo média de 27,4 mil hectares no Estado.

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