Embrapa testa sementes e plantas para aprimorar a agricultura familiar
Pesquisadores da Embrapa estão testando a adaptação de plantas para formular recomendações de plantio eficientes aos produtores da região do Pantanal. O objetivo da pesquisa é implantar um sistema agroflorestal através da seleção de plantas que mais se adaptem a esse sistema na região.
Foram levadas à região pantaneira, variedades da Embrapa com boas características agronômicas e cultivares biofortificadas, que chegam a ter o dobro dos nutrientes encontrados nas tradicionais.
Na área experimental mantida pela unidade nos assentamentos rurais, o sistema foi montado com mudas de mogno, moringa, feijão e mandioca, plantadas em espaçamentos largos para que cresçam sem atrapalhar umas às outras.
A unidade também estuda o consórcio de plantas em geral na região. O plantio associado pode otimizar o uso da terra, disponibilizando maiores quantidades de matéria orgânica, água e nutrientes.
O feijão, por exemplo, é uma leguminosa que promove a fixação biológica de nitrogênio no solo. Se plantado junto com o milho, ele vai trabalhar ajudando na fertilização. Porém os pesquisadores explicam que é importante planejar a escolha das variedades colocadas no solo, para que elas possam se beneficiar da presença de ambas na mesma
área.
Alimentos biofortificados - A Embrapa coordena atualmente testes nos solos pantaneiros com feijões contendo mais ferro e zinco, batata-doce com mais betacaroteno e milho com mais pró-vitamina A. O objetivo é avaliar o desempenho e multiplicar sementes. Essas cultivares, obtidas por meio de melhoramento genético tradicional, são mais nutritivas e doces que as variedades comuns.
Os biofortificados já atingiram 14 estados brasileiros e diversos países. No Pantanal, os biofortificados representam uma opção de consumo e de renda para os agricultores familiares, que podem trabalhar para incluí-los na merenda escolar. Esses alimentos e as outras alternativas avaliadas pelos pesquisadores na área experimental da unidade representam a possibilidade de produzir de forma ambientalmente amigável, mantendo a qualidade dos produtos.
Fossa séptica biodigestora - Outra alternativa implantada na área experimental é o uso de um sistema de biodigestão anaeróbio que trata o esgoto sanitário da propriedade e ainda produz um efluente que pode ser usado como fertilizante nas plantações.
A Fossa Séptica Biodigestora é composta por três caixas d'água de mil litros cada, aproximadamente. A quantidade ou a capacidade podem aumentar também, dependendo da quantidade de moradores no local. Essas caixas são ligadas à saída de esgoto do vaso sanitário da casa, conectadas entre si e vedadas com borracha.
A ausência de ar no sistema permite que microrganismos utilizem a matéria orgânica para obter energia, filtrando o material e produzindo, ao fim do processo, o efluente que pode ser usado como biofertilizante.