ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JULHO, DOMINGO  27    CAMPO GRANDE 25º

Economia

Núcleo do STF tentará conciliar sócias na briga pela Eldorado

Empresas se reuniram ontem e não houve acordo, mas disposição para seguir tratativas

Por Maristela Brunetto | 19/11/2024 10:39

Núcleo do STF tentará conciliar sócias na briga pela Eldorado
Sócias aceitaram seguir discutindo propriedade da Eldorado com mediação do STF (Foto: Divulgação Eldorado)

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A disputa entre as empresas J&F e Paper Excellence pela Eldorado, uma fábrica de celulose em Três Lagoas, continua sem acordo, mesmo após audiência mediada pelo STF. A J&F, que detém 50,59% das ações, deseja recomprar a participação que vendeu em 2018, enquanto a Paper, com 49,41%, insiste no recebimento das ações. A situação é complexa, envolvendo decisões judiciais em diferentes instâncias e questões sobre a aquisição de terras por estrangeiros. A J&F afirma estar pronta para fazer uma proposta que libere a Eldorado do litígio e permita a retomada de investimentos e geração de empregos.

Sem um acordo em audiência ocorrida ontem (18), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques encaminhou para o Nusol (Núcleo de Solução Consensual de Conflitos) da Corte, a tarefa de tentar conciliar as empresas sócias J&F e Paper Excellence na disputa pela Eldorado, fábrica de celulose instalada em Três Lagoas. Elas travam uma briga há mais de seis anos, depois que a J&F desistiu de vender a parte remanescente das ações prometidas à companhia estrangeira (50,59% das ações). A Paper detém 49,41%.

Segundo noticiado, na audiência de ontem não houve acordo, mas as empresas admitiram que pretendem prosseguir nas tratativas. A Paper insiste no recebimento das ações e a J&F sinaliza querer recomprar a participação que vendeu em 2018. Ontem, a empresa reafirmou esse propósito, por meio de nota, conforme a Folha de São Paulo. Pontuou estar "pronta e com recursos disponíveis para fazer uma proposta pela totalidade das ações detidas pela Paper Excellence na Eldorado por um valor de mercado, que garanta alta rentabilidade para seu investimento e liberte a Eldorado do litígio promovido há sete anos pela empresa estrangeira, possibilitando a retomada dos investimentos e da geração de empregos."

A briga se espraia em diferentes frentes. Houve uma decisão arbitral favorável à estrangeira que é alvo de questionamento no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Ações na Justiça Federal do Santa Catarina e Três Lagoas questionam a transação por haver propriedades rurais com florestas de eucalipto envolvidas e a legislação determina que estrangeiros só podem adquirir terras com anuência da União. Além disso, há desdobramentos no STJ e STF sobre a disputa.

A Paper diz que a compra não foi de áreas, mas de um empreendimento industrial, que inclui a produção da matéria-prima para a celulose e se dispõe a não ficar com os imóveis. Ontem foi noticiado que a J&F conseguiu decisão no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspendendo os direitos da CA Investment S.A., dona da Paper, na gestão da Eldorado. Além disso, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) encerrou processo administrativo sobre a venda da Eldorado e enviou manifestação para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a Junta Comercial da São Paulo contra a formalização do negócio em função da compra de terras por estrangeira.

A J&F pertence aos irmãos Joesley e Wesley Batista, que venderam a Eldorado para a Paper, empresa de origem indonésia, por R$ 15 milhões em 2017, mas depois desistiram de finalizar a transação, dando início à longa disputa judicial.