Embalagem de R$ 1 pode baratear reflorestamento do Cerrado, defende estudo
Estudo mostra como caixas de ovo aumentaram taxa de germinação de três sementes nativas do bioma
Estudo conduzido pela UFJ (Universidade Federal de Jataí) e UFR (Universidade Federal de Rondonópolis) revela como embalagens de ovo podem ser a solução para reduzir os custos de reflorestamento do Cerrado. As cápsulas feitas com papelão biodegradável apresentaram resultados promissores, aumentando a chance de germinação de três espécies nativas do bioma.
RESUMO
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Pesquisadores das universidades federais de Jataí e Rondonópolis descobriram que cápsulas biodegradáveis, feitas com embalagens de ovos, podem revolucionar o reflorestamento do Cerrado. Testes com sementes de baru, angico-branco e tamboril mostraram taxas de germinação significativamente maiores (até 97% para o baru) quando cultivadas dentro das cápsulas, em comparação com a semeadura direta. O baixo custo (menos de R por cápsula) e a proteção contra luz solar e herbívoros oferecidos pelo material biodegradável destacam o potencial desta solução para reduzir os altos custos de reflorestamento e combater a crescente devastação do bioma.
O experimento conduzido em casa de vegetação, com condições controladas de temperatura e umidade, seguiu duas linhas de tratamento: semeadura no interior das cápsulas feitas com embalagem de ovo e semeadura direta na superfície do substrato. Para compreender os aspectos de germinação das sementes nativas do Cerrado, os pesquisadores utilizaram baru, angico branco e tamboril.
As cultivadas dentro das cápsulas apresentaram germinação de 97%, 42% e 12%, respectivamente. Em contrapartida, as que receberam tratamento de semeadura direta tiveram germinação de 15% para baru, 21% para angico-branco e 8% para tamboril.
A escolha dessas espécies é justificada devido à importância cultural alimentar e ecológica para o bioma. Baru produz a oleaginosa conhecida como castanha de baru, rica em nutrientes, e o angico-branco e o tamboril têm partes utilizadas em preparos terapêuticos, como infusões.
Um dos motivos que explicam o sucesso da pesquisa é o conforto térmico oferecido pelo material biodegradável. Ou seja, as sementes são beneficiadas com condições mais adequadas à germinação, como retenção de umidade e proteção contra exposição direta à luz solar intensa. Outro fator positivo é que as cápsulas oferecem proteção contra ataques de animais herbívoros que poderiam se alimentar das sementes.
Custo das embalagens - A pesquisa demonstrou que as cápsulas biodegradáveis custam menos de R$ 1. Em entrevista ao Estadão, o professor Normandes Matos da Silva, que participou da pesquisa, falou que os custos de reflorestamento saem em torno de R$ 25 mil a R$ 30 mil por hectare.
Conforme o Monitor do Fogo, do MapBiomas, que monitora o uso do solo brasileiro por imagens de satélite, em 10 meses, o Brasil teve três vezes mais focos de queimadas e perdeu o dobro de área para o fogo do que em 2023. A vegetação nativa foi o principal foco do fogo.
A pesquisa publicada no periódico científico Ciência Rural pode ser acessada no link
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