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Arquitetura

De 1970, a fotografia que marcou o início de uma ligação eterna com o Centro

Thailla Torres | 26/08/2017 07:05
14 de Julho com Afonso Pena em agosto de 2017.
(Foto: André Bittar)
14 de Julho com Afonso Pena em agosto de 2017. (Foto: André Bittar)

Um retrato que parou no tempo pelas características ainda intactas em alguns pontos da cidade. No coração de Campo Grande a fotografia de 1970 na esquina da 14 de Julho com Afonso Pena mostra um município já em desenvolvimento, com arranha-céus em construção e uma arquitetura volumosa para a época.

De um lado a foto exibe um pedaço das praça Ari Coelho que fica à esquerda. Do lado direito dois edifícios que já eram moradias de famílias tradicionais. Mas no fundo, um prédio ainda em construção não revela o que vem pela frente.

Em comemoração aos 118 anos de Campo Grande voltamos às ruas para reproduzir algumas fotografias que chamam atenção nos arquivos. Em meio as mudanças, alguma coisa parece intacta, como a emoção de quem viu de perto o crescimento dessa região.

Nilza se emociona ao rever a fotografia. (Foto: André Bittar)
Nilza se emociona ao rever a fotografia. (Foto: André Bittar)

Com a fotografia antiga em mãos, Nilza Machado de Oliveira, de 76 anos, fica comovida ao lembrar do passado. O retrato faz parte da intimidade de quem encontrou seu lugar bem no Centro da cidade. Ela é moradora e síndica do Edifício Sadalla, na 15 de Novembro com 14 de julho, o mesmo que ainda estava em construção ao fundo da imagem.

Erguido por uma família árabe na cidade, o projeto foi executado pela construtora São Luiz e inaugurado há 45 anos. Nilza acompanhou de perto a trajetória do edifício, por conta do pai, que sempre flertou com o desenvolvimento do Centro.

"Papai, Cezário Machado Sobrinho, era muito amigo de Ary Coelho. Estava sempre trabalhando de um jeito político. Vendo a cidade crescer e correndo por melhorias", recorda.

Ela respira fundo quando olha a foto novamente e procura uma justificativa para tanta emoção. "É coisa diferente ver que a gente cresce e não se dá conta. Eu era uma menina quando esse prédio estava sendo construído, quando tudo ainda era desse jeito".

À época, Nilza morava no bairro Amambaí, mas quando casou foi viver em São Paulo, Cuiabá e por fim, Campo Grande. "Meu marido era funcionário do Bonespa. Viajamos muito quando ele era transferido. E quando retornamos pra cá passamos por alguns bairros até finalmente chegar no Sadalla".

Entrada do Elisbério Barbosa, prédio onde Nilza também morou. (Foto: André Bittar)
Entrada do Elisbério Barbosa, prédio onde Nilza também morou. (Foto: André Bittar)
A vista da janela de Nilza. (Foto: André Bittar)
A vista da janela de Nilza. (Foto: André Bittar)

O retorno ao Centro marcou um fase de empolgação na vida da dona de casa, que só dedicava seu tempo à família. "Sempre amei o Centro. Até hoje escuto coisas de gente que não gosta, mas é como se eu estivesse na força da cidade morando com a minha família. Por isso quando mudei foi aquela empolgação".

O gosto pela região não é por menos. Naquele tempo a cidade era mais calma e o Centro era o ponto alto envolvendo economia, diversão e cultura na cidade. "Sou da época que a gente curtia com a família no antigo relógio. Todo mundo está careca de saber dessa história, mas é impossível que alguém da minha idade queira esquecer".

O crescimento da praça era outra paixão. Diante da amizade do pai com Ary Coelho, o lugar era também uma diversão para os familiares. "Enquanto estivemos aqui vimos o melhor e o pior dessa praça. Quando Ary Coelho faleceu ela foi ficando uma tristeza de ver. Em outros tempos foi melhorando e cada passo eu fui vendo aqui da janela", diz.

Com o tempo, moradores antigos foram o deixando o Sadalla por conta do crescimento da cidade, mas nem de longe Nilza quis deixar o edifício. "O problema desses prédios do Centro é que nenhum deles foram feitos com estacionamento. Naquele tempo não era todo mundo que tinha carro. Hoje a gente tem que pagar cerca de R$ 250 por mês em um particular".

Mas não há ressentimentos quanto a falta de estrutura, porque a vista que ela tem da cidade é tem valor histórico e afetivo para a família. "Nossa vida agora é aqui. Campo Grande cresceu muito, mas é nesse meio que a gente encontra uma história".

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Fotografia que nos chamou atenção nos arquivos históricos e marcou o início de uma ligação eterna com o Centro. (Foto: Arquivo Histórico)
Fotografia que nos chamou atenção nos arquivos históricos e marcou o início de uma ligação eterna com o Centro. (Foto: Arquivo Histórico)
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