Brô MC’s e a flechada cultural que levou Mato Grosso do Sul ao mundo
Brô MC’s faz história ao levar o rap indígena de Mato Grosso do Sul aos maiores palcos do mundo em 2024
Este ano foi marcado por uma revolução cultural inesperada. Não, não foram os ritmos de viola que colocaram Mato Grosso do Sul no centro do mundo, mas sim o flow ancestral do Brô MC’s. O primeiro grupo de rap indígena do Brasil mostrou que a força da ancestralidade é contemporânea, global e, acima de tudo, transformadora.
De Nova Iorque ao Grammy Latino, passando pelo palco do G20 e a trilha sonora de um dos jogos de futebol mais jogados do planeta, o Brô MC’s viveu um 2024 digno de celebração. E é hora de reconhecer: este foi o ano deles.
A cultura guarani-kaiowá no centro do mundo
Os passos históricos começaram com a apresentação no Grammy Latino, em Miami, onde eles cantaram "Jaraha", em parceria com o DJ Alok, mostrando ao mundo a potência da cultura indígena brasileira. No G20, no Rio de Janeiro, suas vozes ecoaram entre líderes mundiais, reforçando mensagens de preservação ambiental e defesa das terras indígenas.
Eles também fizeram história ao se apresentar no evento de abertura da contagem regressiva para a COP 30, em Belém, levando a luta por sustentabilidade e a cultura guarani-kaiowá ao coração da Amazônia. Sem falar da trilha sonora de EA Sports FC 25, um feito que colocou suas batidas lado a lado com artistas como Billie Eilish e Coldplay.
O que estamos fazendo é mais que música. É um ato de luta e celebração, uma flechada de sabedoria, de cultura, mostrando ao mundo que a nossa história não só resiste, mas inspira”, declarou Kelvin Mbaretê, um dos integrantes do grupo.
Reconhecimento lá fora, invisibilidade aqui dentro
Se no exterior eles são celebrados, no próprio estado ainda enfrentam uma dolorosa desvalorização. “O artista sul-mato-grossense tem potencial de chegar a qualquer lugar, mas falta espaço e incentivo dentro do nosso estado. Vemos eventos que trazem nomes de fora, enquanto os artistas locais ficam esquecidos”, desabafou Kelvin.
A mensagem do grupo é clara: é preciso investir na cultura local, criar mais espaços para que vozes como a deles continuem ecoando, não só pelo mundo, mas também entre as ruas e palcos de Mato Grosso do Sul.
O que vem por aí
Para 2025, o Brô MC’s não quer diminuir o ritmo. Eles planejam “demarcar mais palcos”, alcançar novos públicos e continuar levando a cultura indígena a novos horizontes. Para eles, cada show é uma forma de abrir mentes e aproximar as pessoas da ancestralidade indígena.
Enquanto Mato Grosso do Sul luta contra problemas de vulnerabilidade e falta de reconhecimento enfrentados pela população indígena, o Brô MC’s surge como símbolo de resistência e inspiração. Este ano provou que a cultura indígena não só está viva, mas também é essencial para um futuro mais justo e plural.
Em um estado conhecido pelo sertanejo, quem diria que seria o rap indígena a quebrar barreiras? O Brô MC’s não apenas levou o nome de Mato Grosso do Sul ao mundo, eles deram voz a uma ancestralidade que há muito merece ser ouvida. E isso, sem dúvida, é motivo para comemorar.
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