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Lado Rural

Desempenho inferior do milho 2ª safra em MS e PR derruba produção nacional

Análise é da Agroconsult, promotora do Rally da Safra; números do Siga-MS confirmam quebra de 19% na produção

Por José Roberto dos Santos | 23/05/2024 13:01
Área cultivada com milho em Mato Grosso do Sul; estiagem vai derrubar produtividade do grão em 14,2%. (Foto: Arquivo/Aprosoja-MS)
Área cultivada com milho em Mato Grosso do Sul; estiagem vai derrubar produtividade do grão em 14,2%. (Foto: Arquivo/Aprosoja-MS)

Após uma safra 2022/23 com recordes de produtividade, a colheita da segunda safra nacional de milho 2023/24 terá início com estimativa de queda na produção devido à redução de área e condições climáticas irregulares em Mato Grosso do Sul e Paraná. A Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, estima um volume da produção nacional de 96,7% milhões de toneladas – 10,5% abaixo da temporada passada – com produtividade de 98,8 sacas por hectare (7% menor que na safra 2022/23). Os números foram divulgados no final da tarde desta quarta-feira, 22, durante evento on line promovido pela empresa de pesquisa.

Segundo levantamentos feitos em Mato Grosso do Sul pelo Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio), divulgados no dia 14 de maio, a estimativa é que a área plantada de milho segunda safra no Estado seja 5,82% menor em relação ao ciclo passado (2022/2023), chegando a 2,218 milhões de hectares. A produção é estimada em 11,4 milhões de toneladas, uma queda de 19,23%. No ano passado a produção de milho chegou a 14 milhões de toneladas. A produtividade é prevista em 86,3 sacas por hectare, uma retração de 14,25%.

Medições feitas pela Granos Corretora, até 13 de maio, indicam que o MS já havia comercializado 91% do milho segunda safra 2024, o que representa avanço de 5 pontos percentuais do índice apresentado em igual período de 2023.

Técnicos a campo

A partir desta semana, 6 equipes técnicas do Rally da Safra farão o levantamento quantitativo e qualitativo das lavouras da segunda safra em 4 estados produtores – Mato Grosso  do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná. “Será o momento de dimensionar a safra, com dados sobre população de plantas, número de espigas, grãos por espiga, peso de grão e condições fitossanitárias, entre outros, que irão refletir a produtividade no final da expedição”, diz André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.

Mesmo sendo uma safra menor, ainda há bom potencial de produtividade no Mato Grosso e Goiás, compensando parte da quebra no Mato Grosso do Sul e Paraná, aponta Debastiani.

No Paraná e o Mato Grosso do Sul, apesar de terem implantado as lavouras em calendário muito mais favorável do que na safra anterior, devem registrar perdas decorrentes do clima seco ao longo dos meses de março e abril. “O cenário de Mato Grosso do Sul, sem dúvida, é o mais preocupante. Toda a região Sul do estado foi afetada pela estiagem que já causou danos irreversíveis”, explica Debastiani.

Área plantada da segunda safra de milho

O coordenador do Rally observa que dois aspectos influenciam as projeções de área plantada: o cenário econômico e o calendário de plantio. No início do ano, diante dos altos custos de produção e preços em queda, a Agroconsult considerou o contexto econômico para reduzir a estimativa de área plantada em cerca de 1 milhão de hectares. Já em maio, a estimativa acabou sendo ampliada para 16,3 milhões de hectares (redução de 3,8% ou 662 mil hectares sobre 2022/23). “O cenário econômico continua desafiador, porém o calendário de plantio acabou sendo benéfico e impulsionou o plantio”, diz.

Cultivo do milho em propriedade rural de MS; área plantada no Estado é de 2,218 milhões de hectares. (Foto: Arquivo/Semadesc) 
Cultivo do milho em propriedade rural de MS; área plantada no Estado é de 2,218 milhões de hectares. (Foto: Arquivo/Semadesc)

Rally do milho

Calibrar a estimativa de produtividade de cada estado diante do clima, da janela de plantio e do investimento realizado em cada lavoura é a missão das equipes do Rally da Safra que iniciam a etapa milho nessa semana. As estimativas pré-Rally apontam para queda de produtividade em todos os estados, com destaques negativos para o Mato Grosso do Sul, com 68 sacas por hectare (97,5 na safra passada), Paraná com 90 sacas/hectare (98 na safra anterior), e São Paulo, com 77 (89 na última temporada). Os destaques positivos são para o Mato Grosso com projeção de 118 sacas por hectare (120,1 em 2022/2023) e Goiás, com 112 sacas/hectare (119 sacas/ha na safra passada).

A produção total de milho (primeira e segunda safra) é estimada pela Agroconsult em 123,4 milhões de toneladas, em área de 21,1 milhões de hectares.

Roteiro da segunda safra de milho

O Rally da Safra está em sua 21ª edição. Até o dia 22 de junho, os técnicos estarão em campo realizando o levantamento nas lavouras de milho segunda safra.

Uma equipe fará o levantamento no Sudeste e Leste Mato Grosso e Norte do Mato Grosso do Sul, deixando Cuiabá sentido às regiões de Campo Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis, Itiquira e Chapadão do Sul. Outro grupo incluirá Rondonópolis no trecho mato-grossense, seguindo para o Sudoeste de Goiás, nas regiões de Jataí, Mineiros e Rio Verde. Os trabalhos acontecerão entre 03 e 09 de junho, sendo concluídos em Campo Grande.

Duas equipes do Rally da Safra 2024 estarão no sul de Mato Grosso do Sul e centro do Paraná entre 16 e 22 de junho. A primeira sairá de Campo Grande em direção às regiões de Dourados, Ponta Porã, Guaíra, Toledo e Campo Mourão, finalizando em Maringá. Já a segunda visitará também as regiões de Naviraí, Assis Chateaubriand, Goioerê e Campo Mourão, antes de concluir os trabalhos em Maringá.

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