Bumlai deixa carceragem da Polícia Federal para fazer exames de saúde
O pecuarista e empresário José Carlos Bumlai deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) nesta terça-feira, dia 12, por volta das 8 horas (de Mato Grosso do Sul) para realizar exames no Hospital Santa Cruz, na Capital paranaense, em função de ter passado mal no fim de semana.
Com 71 anos de idade, Bumlai, que foi preso no dia 24 de novembro de 2015 pela Operação Lava Jato, suspeito de intermediar o pagamento de propina ao PT, teve sangramento na urina no fim de semana, um problema recorrente, conforme o advogado de defesa do empresário Arnaldo Malheiros informou no pedido de autorização ao juiz Sérgio Moro.
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Federal do Paraná, o empresário deixou o local escoltado pelos agentes e deve retornar ainda hoje, após a conclusão dos exames.
A saída de Bumlai foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro na tarde dessa segunda-feira, 11. “O deslocamento e exames deverão ser realizados na data de hoje [segunda-feira] ou de amanhã [terça] a depender das necessidades da Polícia Federal de organizar escolta”, determinou o juiz.
Conforme o site do jornal Gazeta do Povo, o Hospital Santa Cruz já recebeu outros presos da Lava Jato, como o doleiro Alberto Youssef.
Antes mesmo de ser preso, segundo sua defesa, Bumlai apresentava traços de sangue na urina. De acordo com Malheiros, dias antes de ser preso, o pecuarista só não foi internado em São Paulo porque se recusou a cumprir a recomendação médica para se apresentar perante à sessão da CPI do BNDES. O depoimento dele estava marcado para o mesmo dia da prisão.
A defesa pediu ainda que o médico da família, Lucas Trigo de Bumlai, acompanhasse os exames. O médico encaminhou um documento atestando a saúde do pecuarista. Bumlai, segundo ele, sofre de hipertensão arterial, hipotireoidismo, glaucoma, transtorno de ansiedade, depressão, úlcera e osteoartrose. Na decisão de Moro não apareceu autorização para que Trigo acompanhasse os procedimentos.
O advogado de Bumlai também pediu que o pecuarista tivesse acesso a sessões de fisioterapia para o tratamento da osteoporose. Na decisão, Moro determinou que o pedido seja feito diretamente à Polícia Federal, que deverá “verificar da viabilidade de realização delas no estabelecimento carcerário, trazendo somente após a questão a este Juízo”.
Por questões de sergurança, a comunicação da PF não informou quantos policiais e viaturas participam da escolta de Bumlai.
Denúncia - Preso pela Operação Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai foi denunciado sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, por suspeita de ter participado de um esquema de corrupção na Petrobras e ter repassado dinheiro ao PT.
Bumlai é acusado de contrair um financiamento de R$ 12 milhões com o banco Schahin, em 2004, cujos valores foram transferidos a pessoas ligadas ao PT. Em depoimento à PF após a prisão, ele admitiu a operação bancária.
De acordo com os investigadores da Lava Jato, Bumlai teria intermediado o acordo que fez com que a empresa perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para a operação de um navio-sonda, em 2009.
Delcídio - Preso um dia depois de Bumlai, por suspeita de tentar interferir nas investigações da Operação Lava Jato, o senador Delcídio do Amaral pode ser um elo de suposto esquema de corrupção na Petrobras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), conforme apontou ontem o jornal Valor Econômico.
Segundo o jornal, a Polícia Federal teria apreendido um documento na casa do senador, na Capital, revelando que o esquema de corrupção na Petrobras rendeu 100 milhões de dólares ao governo de Fernando Henrique Cardoso. O papel faz parte do acordo de colaboração premiada do ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró.
Amaral foi diretor de Gás e Energia entre 1999 e 2001 no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique. Cerveró era gerente da área e subordinado do senador na época, informou o jornal. O ex-presidente tem negado o assunto e disse em nota tratar de "afirmações vaga" e "sem especificar as pessoas envolvidas servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação", explicou.