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Política

David suspeita de envolvimento do próprio partido em crime virtual

Deputado é alvo de vídeo espalhado na internet e de invasão do celular

Marta Ferreira e Leonardo Rocha | 25/09/2019 13:45
Estudante de economia ligado ao PSL diz no vídeo que recebeu informações de Campo Grande sobre David. (Foto: Reprodução vídeo)
Estudante de economia ligado ao PSL diz no vídeo que recebeu informações de Campo Grande sobre David. (Foto: Reprodução vídeo)

O deputado estadual Carlos Alberto David (PSL) atribuiu, na sessão da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (25) ao chamado “fogo amigo” tanto o vídeo espalhado em grupos de Whattsapp contendo o que chamou de“fake news” contra ele, quanto a invasão do celular dele por hackers, na noite desta terça-feira (24). David citou duas vezes a senadora Soraya Thronicke, mesmo sem acusá-la diretamente.

A primeira citação foi ao falar de Bruno Gomides, integrante da Juventude do PSL em Brasília, responsável por vídeo pedindo providências contra o fato de David ter apoiado a concessão de comenda da Assembleia Legislativa ao ex-senador Delcídio do Amaral. Na tribuna, David citou o vídeo, comentando que Gomides produziu o material “a mando” do partido em Campo Grande.

Fora da tribuna, o deputado disse aos jornalistas ter recebido informação de que Gomides é ligado a uma das senadoras de Mato Grosso do Sul. Indagado, ele afirma: "a senadora do meu partido". Depois, contou ter sido alvo de fake news também durante a campanha, novamente citando a senadora, que é presidente do PSL em Mato Grosso do Sul. Neste caso, afirmou, já houve apuração e, segundo ele, a conclusão da Polícia Federal é que o responsável pela divulgação do material foi identificado como sendo um delegado apontado, também ligado à política do PSL. Ele não citou nome.

Veja o vídeo que viralizou:

David e Soraya tem relação estremecida há bastante tempo. Várias vezes, na conversa com os jornalistas, ele disse que “não pode afirmar” que a senadora tem ligação, mas reforçou ter recebido as informações citadas sobre ela.

O parlamentar do PSL disse que vai até as últimas consequências para provar quem está agindo contra ele. Ontem, foi à Polícia Civil e hoje à Polícia Federal. A denúncia é de difamação e invasão de celular

À reportagem, contou ter tido conhecimento do vídeo de Bruno Gomides por volta das 22h de ontem. Depois, às 22h39, a gravação apareceu fixada em seu status do Whattsapp e começou a ser disparada para os números de sua agenda, evidenciando a invasão.

Na opinião dele, os dois fatos têm relação. Ele diz que, descobrindo quem fez o vídeo viralizar chegasse a quem invadiu o aparelho de telefone. Além de citar Bruno Gomides, David citou ainda uma pessoa chamada Mateus Correa que, segundo ele, também agiu para espalhar o vídeo.

Sobre o conteúdo no vídeo, o deputado considera ser fake news por, segundo ele, afirmar que a homenagem a Delcídio foi obra dele. David argumenta que o autor é o parlamentar Neno Razuk (PTB), novo partido de Delcídio do Amaral.

O deputado do PSL afirma ter sido um dos 17 favoráveis à comenda do Mérito Legislativo para o ex-petista como forma de garantir o voto do petebista no projeto concedendo título de cidadão sul-mato-grossense ao presidente Jair Bolsonaro (PLS).

Não compactuo – Presidente do Social Liberal em Campo Grande, o deputado estadual Renan Contar se manifestou sobre o assunto dizendo estar “ao lado” de David no acompanhamento da situação.

“Estou presidindo o PSL de Campo Grande e posso dizer que isso não veio do partido daqui”, garantiu.

No vídeo, Bruno Gomides diz ser do PSL no Distrito Federal, afirma que denunciaria o caso à presidente do partido, a quem chama de “amiga”. Nesse trecho, há um corte na gravação.
Gomides, no Instragram, se identifica como estudante de economia, integrante da Juventude do PSL em Brasília, conservador cristão e defensor do “liberalismo econômico”. No perfil, se identifica como de “BH, Minas Gerais, Brasil”.

Ao Campo Grande News, Mateus Correa, de 22 anos, reconheceu que compartilhou o vídeo sobre o deputado em vários grupos que faz parte no WhatsApp, no entanto nega que tenha sido a mando ou pedido de algum político ou de partido. “Conheço o Bruno (Gomides) das redes sociais e apenas compartilhei (vídeo), nada mais”.

Mateus disse que já foi filiado ao PSL, mas que não frequenta reuniões ou eventos do partido. “Na época das manifestações, fiz minha filiação pela internet, mas nunca foi atuante na legenda. Tenho deficiência visual, moro na periferia e não tenho nada haver com qualquer irregularidade ou celular hackeado”, informou.

A reportagem procurou o gabinete da senadora SorayaThronicke, que ainda não se posicionou a respeito das afirmações de David.

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