Parlamentares aprovam relatório final de CPI e pedem punição do Cimi
Os parlamentares integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cimi (Conselho Missionário Indigenista), aprovaram, nesta terça-feira (10), o relatório final de 222 páginas que aponta que a entidade teve participação e contribuiu nas invasões de propriedades particulares em Mato Grosso do Sul. Ao fim, o relator da CPI, deputado Paulo Corrêa (PR), pediu que os órgãos competentes punam com rigor a entidade, que segundo ele, tem agido de maneira 'criminosa' no Estado.
Conforme Corrêa, o relatório deve ser agora encaminhado a diversos órgãos, incluindo o Vaticano, a presidência da República, governo do Estado, Ministério Público Federal e Estadual, CNJ (Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, Polícia Federal, Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ministério da Defesa, Senado, CPI da Funai e do Incra no Congresso Nacional, representação da Santa Sé no Distrito Federal e ao CAFOD (Agência Católica para o Desenvolvimento Exterior).
A presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PSDB), lembrou que, a investigação feita pela CPI, que durou exatos 224 dias, apontou que as ações da entidade foram feitas afim de desestabilizar o agronegócio no Estado e não pode mais continuar agindo livremente.
"Estamos encaminhando aos órgãos competentes e vamos cobrar providências. Desenvolvemos uma apuração séria, embasada, e temos provas tanto documentais quanto testemunhais suficientes para provar que o Cimi atua de maneira ardilosa, insuflando os povos indígenas, criando um clima de terror no campo e de instabilidade jurídica no Estado", finaliza.
Orquestração - Os documentos e relatos colhidos apontaram que o Cimi trabalha com táticas de guerrilha, organização, agressividade e armamento, o que não retrata o perfil dos povos indígenas que vivem em Mato Grosso do Sul. Esse "modus operandi" pode ser verificado em várias ocasiões. Uma delas, simbólica, foi o processo de invasão e reintegração de posse na fazenda Buriti, em 2013, quando os indígenas, orquestrados e armados, resistiram à determinação da Justiça, o que resultou na morte de um indígena, Oziel Gabriel.
O documento também aponta investimento internacional para as chamadas "retomadas", que não passam de invasões de propriedades particulares. Somente entre 2013 e 2014, conforme relatório apresentado pelo próprio Cimi, entidades estrangeiras repassaram mais de R$ 7 milhões. Nenhum projeto de interesse das comunidades indígenas receberam esse investimento.
Balanço - A Comissão Parlamentar de Inquérito promoveu 26 sessões, totalizando 37 depoimentos. Foram ouvidos os jornalistas Lorenzo Carrasco e Nelson Barretto, estudiosos da área, os produtores rurais Vanth Vanni Filho, Mônica Alves Corrêa, José Raul das Neves, Roseli Maria Ruiz da Silva, Jucimara e Ricardo Bacha, os indígenas Dionedson Cândido, Inocêncio Pereira, Cacilda Pereira, Abélcio Fernandes, professor Alberto França Dias, Ramiro Luiz Mendes, Enedino da Silva, Mauro Paes, Rubson Ferreira de Oliveira, Edson Candelário, Cledinaldo Cotócio, Percedino Rodrigues, cacique Fábio Lemes, Wanderley Dias Cardoso, cacique Enir Bezerra, o ex-coordenador da Sesai, Hilário da Silva, o atual coordenador, Lindomar Ferreira, o ex-coordenador da Funai, Jorge Antônio das Neves, o presidente nacional do Cimi, Dom Roque Paloschi, o ex-assessor jurídico da instituição, Maucir Pauletti, o advogado do Cimi, Luiz Henrique Eloy Amado, o secretário-executivo da organização, Cleber Buzatto, os delegados Alcídio de Souza Araújo, André Matsushita e Marcelo Alexandrino, o procurador da República, Emerson Kalif Siqueira, o desembargador Alcir Gursen de Miranda, e o administrador rural Ramão Aparecido Evangelista dos Santos.
Além dos deputados Paulo Corrêa e Mara Caseiro, também integram a CPI Marquinhos Trad (PSD), Pedro Kemp (PT) e Onevan de Matos (PSDB).