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Política

Pecuaristas de MS emitiram R$ 33,4 milhões em notas frias para o JBS

Delação aponta para envolvimento de ex-prefeitos, secretário e deputado em pagamento de propina

Priscilla Peres | 21/05/2017 13:45
Unidade da JBS em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Unidade da JBS em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)

Emissão de notas frias emitidas por pecuaristas de Mato Grosso do Sul para a empresa JBS somou R$ 33,4 milhões entre 2016 e 2017, segundo informações dadas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista em delação premiada entregue à PGR (Procuradoria Geral da República).

O documento foi divulgado na sexta-feira (19) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) após homologação e mostra, que no Estado era comum a emissão de notas falsas pela compra de gado ou carne bovina, para justificar o pagamento de propina em troca de incentivos fiscais.

Conforme planilha divulgada pelos irmãos donos do JBS, as notas foram emitidas por nove produtores rurais do Estado além do frigorífico Buriti Comércio de Carnes. Entre eles estão ex-prefeitos, deputado estadual e secretário de Estado.

O pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, que atuava no Estado arrecadando recursos para campanhas políticas, é acusado pelo JBS de emitir R$ 5 milhões em notas frias em seu nome entre 11 de janeiro de 2016 e 5 de fevereiro de 2016.

A planilha ainda mostra que Nelson Cintra Ribeiro, ex-prefeito de Porto Murtinho e presidente da Fundação de Turismo do Estado emitiu nota de R$ 296 mil no dia 3 de novembro de 2016. O atual secretário de Fazenda, Marcio Campos Monteiro emitiu uma nota de R$ 333 mil em 19 de dezembro de 2016.

O ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti e ex-deputado estadual, Osvane Aparecido Ramos tem em seu nome, nota de R$ 847 mil emitida em 3 de novembro de 2011. O deputado estadual José Roberto Teixeira (DEM) emitiu duas notas, em 16 de setembro e 28 de outubro de 2016, no valor total de R$ 1,692 milhão

A lista ainda conta com outros seis nomes, sendo o pecuarista Elvio Rodrigues que somou R$ 7,682 milhões entre 17 de agosto de 2016 e 19 de dezembro de 2016 em notas frias. Rubens Massahiro Matsuda emitiu uma nota de R$ 383 mil em 9 de novembro de 2016.

A Agropecuária Duas Irmãs Ltda emitiu nota no valor de R$ 886 mil. Em nome de Miltro Rodrigues Pereira no dia 16 de setembro de 2016 soma R$ 1,032 milhão. Em nome de Zelito Alves Ribeiro e Outro são três notas que somam R$ 1,758 milhão em 16 de setembro e 8 de novembro de 2016.

Por fim, Francisco Carlos Freire de Oliveira emitiu R$ 583 mil, em 3 de novembro de 2016.
Os outros R$ 12,9 milhões em notas falsas de compras de carne bovina foram emitidas pela Buriti Comércio de Carnes, entre 10 de março de 2015 a 15 de julho de 2017.

Defesa – Em nota, o secretário Marcio Monteiro nega a prática ilícita e afirma que em 2016 vendeu gado aos frigoríficos da JBS, assim como fez com unidades de outras empresas, sendo o rebanho da fazenda que ele é dono em Jardim, há mais de 30 anos.

Ele ainda frisa que o gado está devidamente declarado à Receita Federal, assim como todo o seu patrimônio, não havendo ilegalidade. "Oportuno ainda esclarecer que não conheço os irmãos Wesley e Joesley Batista; nunca conversei ou encontrei os mesmos, e os desafio a provar os fatos alegados referente à minha pessoa".

Em resposta à reportagem, Nelson Cintra, afirmou que desconhece os termos da delação. Ele completa que ele vende gado para a JBS há vários anos e, prova disso, é que ele vai embarcar mais de 300 bois para abate no domingo (21), sendo que a nota fiscal foi emitida hoje. “São 144 da fazenda de Porto Murtinho e outros 180 de Caracol”, frisou.

A assessoria do deputado Zé Teixeira disse que o parlamentar ainda não teve acesso aos documentos e, por isso, não vai comentar o caso. O celular de Ivanildo está desligado. A reportagem não conseguiu contato com os demais envolvidos no caso.

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