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O ano de Puccinelli: das polêmicas à decisão de disputar a eleição

Ex-governador considerou 2017 um "ano bom" e o termina como presidente do PMDB e pré-candidato ao Parque dos Poderes

Humberto Marques | 31/12/2017 10:48
O ano de Puccinelli: das polêmicas à decisão de disputar a eleição
Puccinelli se tornou alvo de investigação em 2017. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Puccinelli se tornou alvo de investigação em 2017. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Deputado estadual por dois mandatos, ex-deputado federal, prefeito da Capital e governador de Mato Grosso do Sul –estes últimos por dois mandatos. O médico André Puccinelli (MDB), 69 anos, poderia, com esse currículo, avocar para si adjetivos de uma carreira política vitoriosa. Desde 2016, porém, viu se acumularem suspeitas contra ex-colaboradores, hoje denunciados judicialmente, e teve seu nome também arrastado para aquela que é a maior investigação sobre desvio de recursos públicos em andamento no Estado.

O mau momento se manteve em 2017. Acusado pelo Ministério Público de ser o líder de esquemas investigados na operação Lama Asfáltica, que teriam desviado milhões de reais do erário, Puccinelli se viu condenado a usar tornozeleira eletrônica, da qual se liberou em poucos dias. Sobre si, pairavam suspeitas de agir para prejudicar investigações da força-tarefa que atua nas, até aqui, cinco fases da Lama.

Semanas depois, o cerco judicial atingiu seu ápice, com a prisão temporária –menos de 24 depois, porém, conseguira não apenas um habeas corpus no TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), mas respaldo do do Judiciário aos argumentos que apresentou para contestar a movimentação sobre si: decisão do desembargador Paulo Fontes questionou o fato de, mesmo após quatro anos de apurações, a Lama Asfáltica não ter produzido uma denúncia sequer contra Puccinelli.

Aclamado por militantes, Puccinelli assumiu em dezembro e presidência regional do MDB. (Foto: André Bittar/Arquivo)
Aclamado por militantes, Puccinelli assumiu em dezembro e presidência regional do MDB. (Foto: André Bittar/Arquivo)

Reviravolta – Vendo seu passado político ameaçado pela Lama, Puccinelli preferiu não se encolher. Ao contrário: retomou agendas com políticos, primeiro em seu escritório pessoal, que foi fechado e teve as atividades transferidas para o Diretório Regional do MDB, partido do qual assumiu a presidência regional em 2 de dezembro, tendo respaldo, senão unânime, vindo da ampla maioria dos filiados.

Apoio que se traduziu também em apelos para que assuma a pré-candidatura ao governo do Estado pelo MDB em 2018 –algo que assumiu há alguns dias, sob a justificativa de atender justamente à comoção interna na legenda. Um movimento acompanhado de perto por diferentes partidos, nos quais as lideranças avaliam que, se por um lado as investigações jogam dúvidas sobre o futuro político de André Puccinelli, por outro ele segue como uma liderança que não pode ser ignorada –e que teria ainda peso político para fazer a diferença no ano que vem.

Talvez seja por este motivo que, questionado pelo Campo Grande News sobre a avaliação que faz sobre 2017, Puccinelli tenha sido sucinto: “Foi um ano bom”.

Logo depois de assumir a presidência estadual do MDB, o ex-governador dividia a avaliação em dois tópicos. Sobre as acusações, mostrava confiança em afastar as suspeitas que pairam sobre si. “Entendo que as vicissitudes pelas quais tivemos de passar vão ser esclarecidas”, afirmou. “A Justiça vai se fazer, tanto a dos homens, a qual eu acredito, como na de Deus”.

Antes, já havia recorrido às palavras sustentadas perante o desembargador do TRF-3, apontando que, diante de uma investigação longeva, não foi alvo de denúncias. E, mesmo assim, viu a si e o filho, o advogado André Puccinelli Junior, serem presos sem que fossem apresentadas acusações formais.

Ex-governador confirmou pedidos de militantes e assumiu pré-candidatura ao governo. (Foto: Mayara Bueno)
Ex-governador confirmou pedidos de militantes e assumiu pré-candidatura ao governo. (Foto: Mayara Bueno)

O que vem por aí – O conforto, além de encontrado no apoio da família, a quem promete ouvir nos próximos passos a serem tomados, vem da multidão de filiados que o querem na disputa eleitoral.

“Entendo [a eleição como presidente regional do partido] como um plantio que o PMDB fez nos meus mandatos, junto com os companheiros no Estado de Mato Grosso do Sul. Estavam presentes lideranças dos 79 municípios. Não só pelo André. Pelo Moka [Waldemir Moka, senador], pela Simone [Tebet, senadora], seis estaduais, alguns federais, pelo que fizemos no Estado”, declarou Puccinelli. “Foi uma forma de agradecer e, eventualmente, uma esperança de alguns, não sei quais, de que voltemos a administrar Mato Grosso do Sul”.

Depois do “ano bom”, Puccinelli evita previsões para 2018. Para a população do Estado, direciona bons votos. “Espero que tenhamos todos os sul-mato-grossenses, brasileiros, melhor saúde, paz, tranquilidade, diminuição nos índices de criminalidade. Coisas boas para o povo”.

Politicamente, porém, deixava uma incógnita no ar. Um simples “sei lá”, em tom de brincadeira, tentava despistar o plano político para o próximo ano, quando dúvidas acerca da preservação do seu nome e do “patrimônio eleitoral” poderão ser definitivamente elucidadas.

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