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Não há autor como ele, morte de Geraldo é fratura exposta, diz Renato Teixeira

Renato Teixeira | 27/12/2015 07:12
Amigos desde os anos 70, Renato Teixeira diz que ao longo das décadas, ele e Geraldo debateram, questionaram e praticaram a arte brasileira. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Amigos desde os anos 70, Renato Teixeira diz que ao longo das décadas, ele e Geraldo debateram, questionaram e praticaram a arte brasileira. (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)

Não quero entender o que nitidamente não está ao meu alcance entender. A morte de Geraldo Roca é uma fratura exposta.

O que me intriga não é só a violência da partida; Me intriga também o fato dele ter existido meio a margem da vida das pessoas do Brasil. Mistério não tão contundente quanto a morte, mas um mistério intrigante. Porque a sociedade deixa escapar certas expressões que, reveladas, melhorariam sensivelmente a vida de todos?

Nunca houve um autor como ele; nem aqui nem em lugar algum, pois certos dons são exclusivos e únicos. Mesmo que isso possa parecer irreal já que, como disse, o nosso povo, por algum motivo misterioso, usufruiu muito pouco da sua música.

Deixo aqui uma mensagem pro futuro e para todos aqueles que estiverem presentes nesse tempo onde a verdade sobre a obra de Roca, se revelará; sua música vem de uma região cósmica onde as energias da poesia e da beleza se misturam e estabelecem referências essenciais para a evolução das artes.

Éramos amigos desde os anos setenta. Ao longo desses tempos debatemos, questionamos e praticamos arte brasileira, sempre dispostos a corrigir o desnível musical entre interior e litoral.

Em 2015 resolvemos contar a história dessa longa amizade através das canções que fomos gravando ao longo dos anos. Selecionamos oito gravações antigas para serem remasterizadas e regravamos nossos dois principais sucessos; Trem do Pantanal e Romaria. E as cantamos juntos.

O Plano era criarmos um espaço visível para mostrarmos a beleza desse momento que ocorreu paralelo à MPB nos anos setenta e oitenta e que hoje soma-se ao mercado nacional como grande protagonista.

Entretanto, não há o que dizer. Mistérios são mistérios; ponto final.

Geraldo Roca, finalmente, não existe mais!

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