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Cidades

À ONU, entidades relatam violências contra indígenas de MS

A demora de anos na demarcação de terras é uma delas

Lucia Morel e Mylena Fraiha | 08/05/2023 18:50
Reunião de entidades com Alice Wairimu na Cúria Metropolitana. (Foto: Mylena Fraiha)
Reunião de entidades com Alice Wairimu na Cúria Metropolitana. (Foto: Mylena Fraiha)

Em Campo Grande, a subsecretária-geral e assessora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, ouviu entidades gerais e também de direitos indígenas sobre a violência contra esses povos em Mato Grosso do Sul. A demora de anos na demarcação de terras é uma delas, conforme os ouvidos pelo Campo Grande News esta tarde.

Pela Aty Guasu (Grande Assembleia dos Povos Guarani e Caiuá), Valdelice Verão diz que é uma demanda da entidade desde 2015 a presença de representante da ONU para ouvir as reivindicações dos povos indígenas. “Estamos apresentando a ela os crimes contra a humanidade que ocorrem aqui em MS”, afirmou.

Ela já visitou Rondônia e está em Mato Grosso do Sul esta semana. No dia 12 de maio, concede entrevista coletiva no Rio de Janeiro. Informações oficiais da organização são de que a missão pretende “entender melhor os recentes acontecimentos no país” e terá foco “especial na situação dos povos indígenas, dos afrodescendentes e de outros grupos e comunidades vulneráveis”.

Conforme Verão, a expectativa é de que a presença da ONU movimente o Estado brasileiro para acelerar a resolução das questões indígenas e dos conflitos decorrentes da luta pela terra.

Presente no evento, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) afirmou que ao ouvir as demandas, Alice Wairimu poderá ter ciência dos problemas e dar um olhar específico à questão dentro da ONU. Para ele, a articulação poderá acelerar soluções.

“Entre os guaranis são muitos acampamentos provisórios aguardando demarcações. Há falta de escola, de moradia. Ela ouvir e fazer repercutir junto ao Governo Federal pode acelerar providências para que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados”, afirmou.

Representando o Governo de Mato Grosso do Sul, Ben-Hur Ferreira, secretário-executivo da Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), afirmou que a presença da ONU é importante porque dá visibilidade não só aos problemas, mas às políticas públicas já em andamento a favor do dos povos originários. “É aberto um grande diálogo para que se possa avançar. MS tem uma política sim e a presença da ONU dá legitimidade e apoio à nossa agenda”.

Alice Wairimu se reuniu com o governador Eduardo Riedel antes da reunião com entidades e ele apresentou medidas em andamento em prol das comunidades, entre elas, a eliminação da falta d’água nas aldeias, a criação da subsecretaria dos povos originários, serviços de cidadania e regularização da documentação civil e distribuição de cestas básicas.

Riedel também apresentou a possibilidade de indenização das terras em conflito, conforme publicou mais cedo o Campo Grande News. “Encontramos no Governo Federal a disposição de saída consensual a partir da indenização das áreas (em conflito). Há boa vontade de todos os atores, do governo federal, das bancadas, do Supremo Tribunal Federal e da Advocacia Geral da União”, citou o governador.

A subsecretária-geral das Nações Unidas entregou ao governador um documento, que lista uma série de fatores de risco e que merecem uma atenção das políticas públicas. Ela destacou também a importância de resgatar o orgulho das comunidades originais.

Amanhã, ela vai fazer visitas a Dourados e Amambai, para verificar a situação do indígenas guarani-kaiowá. Posteriormente, um documento com recomendações de prevenção ao genocídio serão encaminhadas ao Governo Federal, que é o responsável por efetivar as ações.

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